O governo da Turquia afirmou nesta segunda-feira, 16, que não irá aprovar a entrada de Suécia e Finlândia como membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte, principal aliança militar ocidental, horas após Estocolmo seguir Helsinki em uma histórica mudança política e confirmar formalmente o desejo de entrar na aliança.
Sobre o processo de expansão da Otan, em reação à invasão russa na Ucrânia, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan afirmou que delegações diplomáticas dos dois países não foram para Ancara debater a decisão ou mostrar interesse em entrar na aliança.
“Não vamos dizer ‘sim’ para aqueles (países) que aplicam sanções contra a Turquia se juntarem à organização de segurança Otan”, disse o presidente. “Eles dizem que virão à Turquia. Eles virão nos persuadir? Eles não deveriam se dar ao trabalho.”
No domingo 15, o governo da Finlândia sinalizou sua intenção de ingressar na aliança militar, deixando para trás décadas de neutralidade e ignorando as ameaças russas de retaliação. A decisão foi tomada em meio a esforços da nação de tentar fortalecer sua segurança frente à guerra na Ucrânia. O partido que governa a Suécia disse, também no domingo, que seguirá a Finlândia na adesão à Otan.
As objeções de Ancara à candidatura de Finlândia e Suécia já haviam sido demonstradas nas últimas semanas, com o governo turco citando a história dos países em receber membros de grupos militantes curdos e a suspensão da Suécia de vendas de armas para a Turquia desde 2019 por causa da operação militar turca na Síria.
“Nenhum desses países tem uma atitude clara e aberta contra organizações terroristas”, acrescentou o presidente. “Como podemos confiar neles?”
Na semana passada, o Ministério da Justiça da Turquia afirmou que, ao longo dos últimos cinco anos, os dois países fracassaram em responder positivamente a pedidos de extradição de 33 pessoas que a Turquia diz ter ligações com grupos que considera terroristas.
Apesar das declarações, os Estados Unidos afirmam que darão amplo apoio à adesão dos países nórdicos. No entanto, todos os 30 membros atuais da Otan devem entrar em consenso sobre as novas adesões.
Na sexta-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, ressaltou que “não há dúvida” sobre o apoio da maioria dos membros. Antes dela, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que estava “confiante” em que as negociações para a aliança avançariam rapidamente.
Em resposta à possibilidade de adesão, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia afirmou que a decisão seria um “erro grave” com “consequências de longo alcance”. A adesão da Finlândia à Otan – que provavelmente ainda levará meses para se concretizar – traria a aliança militar liderada pelos Estados Unidos à porta da Rússia, já que as duas nações compartilham uma fronteira de 1.335 quilômetros.