O Conselho de Segurança das Nações Unidas deu início a uma reunião de emergência nesta quarta-feira, 2, para discutir a situação no Oriente Médio, em meio a uma escalada de ataques na região. Em discurso de abertura, usando palavras duras, o secretário-geral António Guterres condenou a “escalada atrás de escalada”, citando o disparo de mísseis do Irã em Israel, pediu o fim de hostilidades e a “necessidade absoluta de cessar-fogo”.
“Mais uma vez, condeno fortemente o ataque maciço de mísseis de ontem do Irã contra Israel”, afirmou Guterres, que não se pronunciou sobre o fato de Israel ter o declarado como ‘persona non grata’ e o impedido de entrar no país.
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A embaixadora britânica da ONU, Barbara Woodward, ressaltou ao Conselho que “a paz, não a guerra, é a opção mais corajosa”. “Apenas um cessar-fogo no Líbano e em Gaza criaria espaço para um acordo para um plano político que permita o retorno sustentável para suas casas de civis libaneses e palestinos deslocados”, disse. “Não podemos ver o Líbano virar outra Gaza”.
Cerca de 80% dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa foram deslocados durante a ofensiva de Israel, iniciada após os ataques do Hamas em 7 de outubro do ano passado, de acordo com dados da ONU. Ao menos 41.534 palestinos morreram durante a ofensiva, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, enquanto o Exército israelense afirma que cerca de 1.700 israelenses morreram.
Já o embaixador Nicholas de Rivière, da França, cuja delegação convocou a reunião de emergência desta quarta-feira, condenou os ataques do Irã a Israel e pediu que Teerã que se abstenha e qualquer ação que pudesse levar a uma maior desestabilização.
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Voltando-se para outras preocupações, ele disse que Israel violou a soberania do Líbano com sua incursão terrestre, pedindo o fim dos ataques a civis e declarando que “precisamos de um cessar-fogo”. Ele também pediu um cessar-fogo em Gaza e a concretização de uma solução de dois Estados.
“Já passou da hora de o Conselho mostrar unidade e falar a uma só voz, exigindo que trabalhemos para a desescalada na região”.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, aproveitou sua fala para pedir ação imediata do Conselho de Segurança, dizendo que o conselho precisa “falar em voz única e condenar o Irã por este ataque não provocado” contra outro Estado-membro da ONU.
Ataque do Irã
Na terça-feira, o Irã lançou uma série de mísseis balísticos contra Israel, poucas horas depois de Israel começar o que chamou de incursão terrestre “limitada” ao sul do Líbano. Alguns dos mísseis chegaram a causar impactos diretos em áreas do centro e do sul de Israel, mas não há relatos de feridos ou mortos.
Segundo a Guarda Revolucionária do Irã, o ataque de terça-feira foi uma retaliação pela morte dos líderes do Hezbollah e do Hamas em bombardeios israelenses no Líbano e em território iraniano.
Israel vem intensificando seus ataques ao Líbano, tendo matado cerca de 1.000 libaneses, incluindo mulheres e crianças, e vários comandantes do Hezbollah nas últimas duas semanas. No sábado, o Hezbollah confirmou a morte de Nasrallah durante um ataque aéreo em Beirute no dia anterior. Ele esteve na liderança do Hezbollah desde 1992 e foi o responsável por levar o grupo para a vida política do Líbano.