Após a posse de Boris Johnson como novo primeiro-ministro do Reino Unido, ao menos dezessete membros do gabinete da ex-premiê Theresa May apresentaram sua renúncia, antes mesmo de serem demitidos pelo novo chefe de governo.
Segundo o jornal britânico The Guardian, essa foi a maior debandada já registrada no país após a posse de um premiê sem que houvesse troca de partido no poder.
Entre os nomes que decidiram sair do gabinete está o do ex-secretário de Relações Exteriores, Jermey Hunt, que concorreu contra Johnson ao cargo de líder do Partido Conservador e, consequentemente, primeiro-ministro.
Em mensagem divulgada nas redes sociais, Hunt afirmou que Johnson lhe ofereceu a titularidade de outra pasta, que segundo a imprensa britânica seria a da Defesa, mas ele recusou para voltar a ser deputado.
“Teria sido uma honra continuar com meu trabalho no Ministério das Relações Exteriores, mas entendo a necessidade do novo primeiro-ministro de escolher sua equipe”, escreveu o político conservador.
Hunt lembrou que está há nove anos ocupando cargos ministeriais – passou pelas pastas de Cultura, Saúde e Relações Exteriores – e que chegou o momento de enfrentar “o maior desafio de todos, ser um bom pai”.
Para o cargo de chanceler, Johnson nomeou Dominic Raab, ex-secretário do Brexit entre julho e novembro de 2018.
Além de Hunt, os secretários das pastas de Defesa; Comércio; Economia; Justiça; Transportes; Educação; Habitação; Desenvolvimento Internacional; Negócios, Energia e Estratégia Industrial; Irlanda do Norte, entre outros, apresentaram sua renúncia.
Grandes mudanças no gabinete do novo premiê já eram esperadas. Para o cargo de secretário da Economia, o novo premiê escolheu Sajid Javid, atual secretário de Interior.
Javid era um dos candidatos a suceder a Theresa May como líder do Partido Conservador e primeiro-ministro, uma disputa da qual foi eliminado na quinta e última votação entre os deputados conservadores antes que 66% dos filiados “tories” escolhessem Johnson.
Para o lugar de Javid no Ministério do Interior, Johnson escolheu Priti Patel. A conservadora foi secretária de Desenvolvimento Internacional até 2017, quando foi demitida por Theresa May por desrespeitar o código ministerial ao realizar uma reunião não autorizada com políticos israelenses.
Michael Gove, que ocupava a posição de secretário de Meio Ambiente e é amigo pessoal de Boris Johnson, foi nomeado para o cargo ‘número 2’ do novo governo. Ele será chanceler do Ducado de Lencastre.
Eurocéptico assumido, manteve-se na equipe de May até ao fim para fazer a ponte entre deputados pró-Brexit e contra a saída da UE. É amigo de Johnson desde a faculdade e participou da campanha pelo divórcio antes do referendo de 2016.
Apesar das muitas mudanças, alguns poucos secretários permanecerão em seus cargos. É o caso do atual ministro para o Brexit, Stephen Barclay.
Defensor da saída do Reino Unido da UE durante a campanha do referendo de 2016, o político conservador chegou ao cargo em novembro do ano passado, após as renúncias de David Davis e Dominic Raab, ambas por desacordos com May na gestão da ruptura com o bloco europeu.
Amber Rudd, secretária de Trabalho e Aposentadoria, e Matt Hancock, secretário de Saúde, também manterão seus cargos.