Os mercados cambial e financeiro da Argentina continuaram em ebulição na manhã desta terça-feira, 13, depois do impacto violento do resultado das eleições primárias de domingo nos indicadores econômicos. O dólar, que fechara cotado a 57,30 pesos na segunda-feira, com desvalorização de 14,3%, estava à venda por 61 pesos no Banco da Nação Argentina (BNA) nesta manhã, segundo o jornal El Cronista.
Nesta terça-feira, a taxa de risco-país, que mede a capacidade de o governo honrar o pagamento dos título públicos, alcançava 1.607 pontos básicos na medição do JP Morgan, segundo o Cronista. Trata-se de uma alta de 140 pontos, em relação a segunda-feira, e do nível mais elevado desde maio de 2009. As ações de empresas argentinas na Bolsa de Valores de Nova York mostravam estar em leve recuperação na manhã desta terça-feira. O valor dos papéis caiu até 70% na segunda-feira.
As primárias de domingo indicaram a tendência forte de vitória da chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner nas eleições de 24 de outubro, inclusive com chance de decisão nesse primeiro turno. A kirchnerista Frente de Todos obteve 47,4% dos votos – 15,2 pontos adiante do Cambiemos, do presidente Maurício Macri, que conquistou 32,2%.
Embora Macri tenha declarado na segunda-feira seu empenho em reverter as perdas para vencer a eleição, os resultados acenderam uma luz amarela sobre sua própria capacidade de concluir o mandato em 10 de dezembro. Assim como os demais presidentes não-peronistas do período de redemocratização, Macri se vê diante do risco de entregar o governo a seu sucessor antes do fim de seu período.
A sinalização de que Macri não contará com uma aliança com Roberto Lavagna, ex-ministro da economia e candidato à Presidência pelo bloco Consenso Federal, acentuou a percepção de que o kirchnerismo voltará ao governo argentino, trazendo um provável modelo econômico de confrontação com o ideário ortodoxo do Fundo Monetário Internacional. A Argentina tomou 56 milhões de dólares em ajuda financeira do FMI em 2018.