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Mercosul espera assinar ‘muito em breve’ acordo com UE, diz Mauro Vieira

Composto por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, Mercosul iniciou os trâmites com a União Europeia em 1999, mas ainda aguarda a aprovação

Por Paula Freitas 6 dez 2023, 17h00

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quarta-feira, 6, que o Mercosul, principal bloco econômico da América do Sul, tem a expectativa de assinar “muito em breve” o acordo de livre comércio com a União Europeia (UE). A declaração foi feita em meio à abertura da 63ª Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum, realizada no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

“Tivemos presente a necessidade de adaptar nossas economias ao novo contexto introduzido pelo acordo. A abertura comercial promovida pelo acordo Mercosul-UE foi concebida e negociada para dar a nossos atores econômicos o tempo necessário para preparar-se”, discursou. “Especialmente na etapa negociadora mais recente, tivemos o cuidado de ampliar as salvaguardas para a implementação dos compromissos assumidos.”

+ O futuro do acordo entre Mercosul e União Europeia em xeque

Economia e resistência francesa

Segundo Vieira, a parceria reforçará a identidade do bloco sulamericano enquanto um importante ator econômico no cenário internacional, de forma a ampliar as suas exportações e a obtenção de tecnologias voltadas para o impulso da competitividade. Composto por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, o Mercosul iniciou os trâmites com a União Europeia em 1999, mas ainda aguarda a aprovação e a ratificação dos parlamentos dos países envolvidos.

A iniciativa tem encontrado resistência na França, que é contrária tratado de livre comércio. No último sábado, o presidente francês, Emmanuel Macron, defende que o acordo é “completamente contraditório” por ter sido “negociado há 20 anos”. Ele também definiu o documento como “antiquado” e que “desmantela tarifas”.

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“Devemos pensar num acordo que seja muito mais geoestratégico, muito mais consistente com as nossas estratégias e não mexer num acordo à moda antiga. É por isso que não sou a favor deste acordo. Porque hoje não sei como explicar este acordo a um agricultor, a um produtor de aço, a um fabricante de cimento francês ou europeu”, disse, fazendo referência à dinâmica do agronegócio europeu, que beneficia os franceses.

+ Haddad cancela ida à reunião do Mercosul para focar na agenda do Congresso

Autoridades da cúpula do Mercosul participarão de reuniões até esta quinta-feira, 7. A Argentina, às vésperas da posse do ultraliberal Javier Milei à Casa Rosada, não enviou representantes para o evento no Rio de Janeiro. Os encontros englobarão ministros das Relações Exteriores, das áreas econômicas e presidentes de Bancos Centrais dos países, ainda nesta quarta-feira, e os chefes de Estado, no segundo e último dia.

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No comando dos planos brasileiros estão o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; o chanceler Mauro Vieira; e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. Ao longo da abertura, Alckmin destacou os interesses brasileiros em contribuir com os objetivos do Mercosul, bem como a importância do avanço da agenda “num momento de aparente fragmentação das relações internacionais”.

O vice-presidente defendeu mais integração do comércio entre os países do bloco econômico, e comparou com a UE, onde 60% das transações internacionais acontecem entre os países integrantes. No Mercosul são apenas 10%, segundo Alckmin. “Nossos parceiros no bloco são essenciais no projeto de neoindustrialização”, declarou.

Além disso, o vice-presidente traçou um paralelo entre o bloco econômico sul-americano, onde a integração do comércio gira ao redor de 10%, com as dos países membros da União Europeia, no qual 60% das transações internacionais são realizadas entre os componentes. Ele, ainda, reforçou a necessidade do investimento na infraestrutura conjunta das nações integrantes, como de aeroportos, hidrovias e ferrovias, mas de forma sustentável.

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“Somos certamente uma potência na área energética e podemos dar um salto na exploração, transporte e agregação de valor dos nossos recursos naturais”, acrescentou. 

Primeiro tratado de livre comércio do Mercosul em cerca de 10 anos, o acordo do bloco com a Singapura será assinado durante o encontro. Alckmin apontou que “essa integração fortalece os laços econômicos entre o Brasil, o Mercosul e a região asiática, criando oportunidades para maior diversificação das exportações e investimentos”.

Memorandos de entendimento com a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e com a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) também serão assinados, indica a programação do evento.

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