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Merkel faz chamado à nação para se mobilizar contra o ódio

Mais de 50.000 pessoas responderam com um show contra o racismo e a xenofobia em Chemnitz, o palco de violentos protestos de neonazistas

Por Denise Chrispim Marin
Atualizado em 19 set 2018, 13h18 - Publicado em 3 set 2018, 18h34
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  • A primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, pediu nesta segunda-feira (3) para os alemães se mobilizarem contra o “ódio” propagado pela extrema-direita do país. Os movimentos neonazistas protagonizaram novos episódios de violência no último final de semana em Chemnitz.

    “O que nós infelizmente testemunhamos nos últimos dias, incluindo durante o fim de semana, essas marchas de extremistas de direita e neonazistas preparados para a violência, não têm nada a ver com o luto de um homem, mas visam a enviar uma mensagem de ódio contra estrangeiros, políticos, policiais e imprensa livre”, declarou Steffen Seibert, porta-voz de Merkel.

    “Precisamos deixar claro: todo cidadão pode tomar a palavra e tomar uma posição contra a divisão de nosso país”, ressaltou.

    Cerca de 50.000 alemães responderam ao chamado de Merkel e organizaram um show em Chemnitz contra o racismo e a xenofobia. O slogan do concerto será “somos mais numerosos”. Os moradores da cidade foram convidados pelas redes sociais a participar de uma “manifestação nas janelas”, adotando o mesmo slogan e pendurando mensagens de tolerância em suas varandas.

    Para o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, essa mobilização continua modesta. “Infelizmente, nossa sociedade se acomodou de tal forma que precisamos nos movimentar”, disse. “Temos que deixar nossos sofás confortáveis ​​e falar em voz alta”, acrescentou.

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    Protesto em Chemnitz
    Participantes da manifestação anti-imigrantes entram em confronto com a polícia em Chemnitz, Alemanha – 01/09/2018 (Hannibal Hanschke/Reuters)

    No sábado, organizações de extrema direita tomaram as ruas de Chemnitz, em passeatas que reuniram 8.000 pessoas, para denunciar a morte de um alemão de 35 anos na semana passada.  A Justiça prendeu um iraquiano de 22 anos, solicitante de refúgio na Alemanha, e um suposto cúmplice sírio pelo crime.

    Liderada pelo partido Alternativa para a Alemanha (AfD), a extrema direita tem-se aproveitado desse assassinato para relançar suas críticas aos imigrantes e à política de abertura de Angela Merkel. O AfD torno-se a principal força de oposição na Câmara dos Deputados alemã.

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    A primeira-ministra é acusada de ter aumentado a insegurança no país ao autorizar o ingresso de mais de 1 milhão de refugiados entre 2015 e 2016.

    O AfD vale-se há meses do caso do assassinato de uma adolescente de 15 anos em um supermercado na cidade de Kandel, perto da fronteira com a França, em 2017. Nesta segunda-feira, o ex-namorado da vítima, Abdul D., um solicitante de asilo que alega ser proveniente do Afeganistão, foi condenado a oito anos e meio de prisão pelo crime. Ele será expulso do país ao final de sua detenção.

    Apesar do fim do julgamento, o prefeito da cidade de Kandel, Volker Poss, acredita que a mobilização do AfD local vá continuar. “O movimento de extrema direita já anunciou sua vontade de continuar a vir” para manifestar na cidade nos próximos meses, declarou Poss à rádio pública SWR.

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    Em Chemnitz, 18 pessoas ficaram feridas na noite de sábado, incluindo três policiais, por causa do protesto anti-imigrantes e de uma manifestação da esquerda, que reuniu 3.000 pessoas. Entre os feridos estão um jovem afegão de 20 anos espancado por homens mascarados, um militante do Partido Social-Democrata e uma equipe de televisão.

    O chefe de governo da Saxônia, Michael Kretschmer, membro do partido de centro-direita de Angela Merkel, também pediu nesta segunda-feira “à maioria da população que dê voz” a Chemnitz.

    Contrariamente do previsto, a mobilização anti-imigrantes está dando frutos para a extrema direita. De acordo com as últimas pesquisas, o AfD está crescendo nas intenções de voto para cerca de 16% e em terceiro lugar, logo atrás do Partido Social-Democrata, com apenas 17%.

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