Mesmo sem Guaidó, EUA ainda veem Maduro como ‘ilegítimo’ na Venezuela
Fala acontece poucos dias depois de oposição venezuelana deixar de reconhecer Juan Guaidó como presidente interino
Os Estados Unidos ainda entendem o governo de Nicolás Maduro na Venezuela como “ilegítimo”, afirmou o porta-voz dos Departamento de Estado americano, Ned Price, na terça-feira, 3. A fala acontece poucos dias depois que a oposição venezuelana deixou de reconhecer Juan Guaidó como presidente interino.
“Nossa abordagem sobre Nicolás Maduro não mudou. Ele não é o líder legítimo da Venezuela”, destacou Price. “Continuamos reconhecendo o que é a única instituição democraticamente eleita na Venezuela hoje, e esta é a Assembleia Nacional de 2015”.
Em 2019, o Legislativo controlado pela oposição afirmou que a vitória de Maduro em 2018 não era constitucional, já que seus principais adversários haviam sido impedidos de concorrer na eleição. Depois disso, parlamentares montaram um “governo interino”, liderado por Guaidó e com objetivo de comandar até que eleições livres pudessem ser feitas.
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A oposição liderada por Guaidó, no entanto, não conseguiu conquistar apoio do Judiciário ou das Forças Armadas, apesar da economia em frangalhos, o que reforçou ainda mais o controle de Maduro sobre o país.
Os deputados que formavam a Assembleia Nacional de 2015 já tiveram seus mandatos encerrados em 2020, quando houve um pleito boicotado pela oposição e visto por fraudulento por boa parte da comunidade internacional. Muitos dos deputados da época estão exilados, mas continuam reivindicando representar o “governo interino”.
Na sexta-feira, 30 de dezembro, a oposição votou a favor de dissolver o “governo interino” liderado por Guaidó, criando ao invés disso um comitê para supervisionar as primárias eleitorais do país. Dos quatro principais partidos da oposição, apenas o partido de Guaidó votou pela permanência dele.
Apesar disso, os EUA seguem apoiando o “governo interino”, “independentemente da forma que ele assumir”, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA na semana passada, segundo a agência de notícias AFP.
Reaproximação
Apesar do apoio dos EUA à oposição venezuelana, Maduro propôs em entrevista à TV estatal no último domingo, 1, que haja conversas com o governo Biden.
“A Venezuela está pronta, totalmente pronta, para dar passos em direção ao processo de normalização diplomática, consular e de relações políticas com o atual governo dos Estados Unidos e com governos que virão”, disse Maduro.
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Mesmo com a falta de reconhecimento, o governo Biden enviou uma deleção para encontros com Maduro em março e novembro. Em novembro, por exemplo, foram suavizadas sanções no setor do petróleo, disparado o maior da economia venezuelana, dando também sinal verde para a gigante americana Chevron retomar operações de Petróleo na Venezuela. A decisão teve como base um amplo salto em preços de petróleo por conta da invasão da Rússia à Ucrânia.
No caso do Brasil, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou em dezembro, antes mesmo de o novo governo ser empossado, que o país irá retomar relações com a Venezuela, rompidas sob Jair Bolsonaro.
“Com relação à Venezuela, o presidente me instruiu que restabelecêssemos as relações, o que faremos a partir de 1º de janeiro. Vamos enviar, num primeiro momento, um encarregado de negócios, para retomar os prédios que temos lá, residências, reabrir a embaixada, e posteriormente indicaremos um embaixador”, disse Vieira.
O governo Bolsonaro publicou, em agosto de 2019, uma portaria que determina o não reconhecimento de Nicolás Maduro como presidente venezuelano, sob a justificativa de “fraude” na sua reeleição. Com isso, o governo brasileiro fechou as portas da Embaixada em Caracas e passou a não reconhecer a representação diplomática oficial do país vizinho.