O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, respondeu às ameaças tarifárias feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e afirmou em uma carta enviada ao republicano que “problemas sociais não se resolvem com impostos ou medidas coercitivas”.
Obrador afirmou ainda que o lema “Estados Unidos primeiro”, do governo Trump, é uma “falácia” e que o México, ao contrário das alegações de Washington, está cumprindo “na medida do possível e sem violar os direitos humanos” o compromisso de evitar o tráfego de imigrantes de países centro-americanos para o território americano.
“Os seres humanos não abandonam seus povos por querer, mas sim por necessidade”, escreveu na mensagem, compartilhada em sua página no Twitter.
“Com todo respeito, ainda que tenha o direito soberano de expressá-lo, o lema ‘Estados Unidos primeiro’ é uma falácia, porque até o final dos tempos, até mesmo por meio das fronteiras nacionais, prevalecerão a justiça e a fraternidade universais”.
Trump ameaçou impor tarifas punitivas em 10 de julho caso o México não interrompa o fluxo de imigração ilegal da América Central para os Estados Unidos.
Um comunicado da Casa Branca divulgado após a mensagem do presidente americano informa que as tarifas de importação sobre os produtos mexicanos serão elevadas para 10% no dia 1º de julho, “se a crise persistir”. Depois, subirão outros 5% a cada mês, por três meses, até atingir 25% no dia 1º de outubro.
Durante entrevista coletiva de rotina nesta sexta-feira, 31, o presidente López Obrador disse que responderá com “grande prudência” às ameaças tarifárias e pediu que os mexicanos se unam para lidar com esse desafio.
O presidente também anunciou que o ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, irá a Washington com a missão de convencer o governo americano de que as medidas de Trump não atendem aos interesses de nenhum dos países.
O México tem os Estados Unidos como seu principal parceiro comercial, ao qual destina mais de 80% de suas exportações. Os dois países compartilham 3.200 km de uma fronteira pela qual passam numerosos imigrantes ilegais, armas e drogas.
Desde outubro passado, o México foi tomado por ondas de migrantes, a maioria centro-americanos, que tentam chegar aos Estados Unidos fugindo da violência em seus países.
Trump já havia ameaçado o México com o fechamento da fronteira caso o vizinho não detivesse o fluxo de emigrantes ilegais.
Após chegar à presidência do México, em dezembro, o esquerdista López Obrador flexibilizou os controles migratórios, o que multiplicou o fluxo de migrantes.
Segundo Trump, na quarta-feira 29 foram detidos 1.036 imigrantes ilegais que cruzaram a fronteira no trecho entre Ciudad Juárez e El Paso (Texas), um número recorde.
(Com Reuters)