México rompe relações diplomáticas com Equador após invasão em embaixada
Policiais entraram à força na representação mexicana em Quito para prender o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas, condenado por corrupção
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciou neste sábado, 6, que o país rompeu relações diplomáticas com o Equador depois que a polícia invadiu a embaixada mexicana em Quito, capital equatoriana. Ele chamou a ação de “violação flagrande do direito internacional e da soberania” do país.
Na noite de sexta-feira, 5, policiais entraram à força na embaixada para prender Jorge Glas, ex-vice-presidente equatoriano condenado por corrupção que buscou asilo político no local. Ele reside no local desde dezembro, mas o governo mexicano só informou nesta sexta que concedeu refúgio. Segundo a Associated Press, a polícia arrombou as portas externas da sede diplomática mexicana em Quito e entrou no pátio principal para deter Glas.
“Instruí o nosso chanceler a emitir uma declaração sobre este ato autoritário, proceder legalmente e declarar imediatamente a suspensão das relações diplomáticas com o governo do Equador”, escreveu López Obrador em uma rede social. Ele também chamou a detenção de “uma violação flagrante do direito internacional e da soberania do México”.
Em sua defesa, a presidência do Equador disse em comunicado que o país “é uma nação soberana e não vamos permitir que nenhum criminoso permaneça em liberdade”. Segundo a secretária de Relações Exteriores do Mécico, Alicia Bárcena, vários diplomatas sofreram ferimentos durante a invasão, o que, para ela, violaria a Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, de 1961.
Segundo o tratado, os locais de missões de um país dentro de um outro (embaixadas e consulados) são considerados invioláveis. Equador e México aderiram à regra na década de 1960. De acordo com o texto, a entrada de agentes de estado nesses locais depende da autorização do chefe da missão estrangeira. Ou seja, no caso do Equador, a polícia deveria solicitar permissão ao embaixador mexicano para ingressar na Embaixada do México.
Bárcena afirmou que o México vai levar o caso ao Tribunal Internacional de Justiça “para denunciar a responsabilidade do Equador pelas violações do direito internacional”. Ela também ressaltou que os diplomatas mexicanos estavam apenas esperando que o governo equatoriano oferecesse as garantias necessárias para o seu retorno ao país de origem.
Jorge Glas foi condenado a seis anos de prisão em 2017, mas se diz vítima de uma perseguição da Procuradoria-Geral do Equador.