Michael Bloomberg anuncia investimento de US$ 242 milhões em energia limpa
O bilionário e ex-prefeito de Nova York financiará programas em 10 países em desenvolvimento, inclusive o Brasil
Michael Bloomberg, bilionário e ex-prefeito da cidade de Nova York, anunciou nesta terça-feira, 17, um investimento de US$ 242 milhões para promover energia limpa em 10 países em desenvolvimento.
O investimento faz parte de seu esforço, anunciado no ano passado, para encerrar a produção de carvão em 25 países. O projeto é parte de uma campanha de US$ 500 milhões para fechar todas as usinas termoelétricas a carvão nos Estados Unidos.
O dinheiro vai financiar programas em Bangladesh, Colômbia, Quênia, Moçambique, Nigéria, Paquistão, África do Sul, Turquia, Vietnã – e no Brasil. Representantes da Bloomberg Philanthropies disseram que vão trabalhar com governos e empresas locais para desenvolver planos de gastos.
Helen Mountford, presidente e executiva-chefe da ClimateWorks, parceira da Bloomberg Philanthropies, disse ao The New York Times que o dinheiro será direcionado para pesquisa e análise, campanhas de educação pública, programas piloto de energia limpa e compras de usinas de carvão, para então fechá-las.
Caso o programa seja bem sucedido nas dez nações, isso pode demonstrar a outros países que a energia renovável pode ajudar, não atrapalhar, o crescimento econômico, afirmou Bloomberg ao Times.
Campanhas pelo clima tendem a se concentrar nos países industrializados, responsáveis pela grande maioria das emissões de gases de efeito estufa. Mas muitos países em desenvolvimento têm populações e economias em rápido crescimento, e necessidades energéticas cada vez maiores.
Por isso, chegar a um patamar de emissões líquidas zero vai depender de como essas nações enfrentam a crise climática. O projeto de Bloomberg acredita que não é preciso esperar países em desenvolvimento atingirem o “pico energético” com combustíveis fósseis e usar fontes renováveis a partir de já.
Mais de 750 milhões de pessoas em todo o mundo não têm acesso a eletricidade, e a pobreza energética é um poderoso fator de desigualdade econômica e de saúde. Embora o investimento de Bloomberg seja destinado a combater as mudanças climáticas, os envolvidos defendem que os fundos também podem ajudar a lidar as crises ligadas à falta de eletricidade, como escassez de alimentos e assistência médica precária.
Países em desenvolvimento investiram menos de US$ 150 bilhões em energia limpa em 2020, de acordo com um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE). O órgão alertou que, até o final da década, esse financiamento precisaria ultrapassar US$ 1 trilhão por ano para zerar emissões líquidas até 2050.
A ideia de Bloomberg é que uma organização filantrópica, como a dele, assuma o maior risco no início de um projeto ao qual políticos e empresas podem hesitar. Se funcionar, o projeto posteriormente se tornará atraente para investidores convencionais.
No entanto, mesmo que o dinheiro de Bloomberg possa reduzir barreiras financeiras, as barreiras políticas continuam sólidas, com forte oposição da indústria de combustíveis fósseis ao desenvolvimento de energia renovável. O que um financiamento como esse pode fazer é criar bases para uma transição para energia renovável vantajosa financeiramente: aumenta o risco do desenvolvimento de combustíveis fósseis e diminuir o de energia renovável.