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Milei sofre derrota em eleições na província de Buenos Aires com avanço do peronismo

Partido de Cristina Kirchner venceu candidatos de extrema direita por mais de 13 pontos em meio a crises no governo argentino

Por Amanda Péchy Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 set 2025, 10h23 - Publicado em 8 set 2025, 08h46

As eleições legislativas da noite de domingo 7 na província de Buenos Aires, onde vive cerca de 40% do eleitorado da Argentina, impuseram uma pesada derrota ao presidente do país, Javier Milei. Com 96% das urnas apuradas, seu partido, A Liberdade Avança, obteve 33,8% dos votos, enquanto a coalizão Força Pátria, que reúne as diversas vertentes peronistas da oposição, conquistou 47%. O resultado veio em meio a uma crise no governo devido a denúncias por corrupção que implicam até Karina Milei, a irmã do presidente.

Nem mesmo a aliança com o PRO, partido do ex-presidente Mauricio Macri, agora reduzido a uma força minoritária dentro da estrutura nacional do Liberdade Avança, foi suficiente para sair na frente antes do pleito de outubro, que vai renovar ao redor do país uma grande parte da Câmara dos Deputados e do Senado.

“Hoje tivemos uma derrota clara e devemos aceitá-la”, disse Milei do centro de campanha montado em La Plata, capital da província de Buenos Aires. “Eles mobilizaram todo o aparato peronista que administraram por 40 anos, e isso seria o piso para nós e o teto para eles”, acrescentou, antes de alertar imediatamente que ninguém deveria esperar grandes mudanças. “Não recuaremos um milímetro na política governamental; aceleraremos ainda mais nosso curso. Se cometemos erros políticos, os processaremos e faremos melhor para vencer em outubro.”

Pouco depois, o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, reuniu a Força Pátria e discursou diante de candidatos e líderes distritais aliados ao som da marcha peronista. Ele tocou uma mensagem de voz de Cristina Kirchner, em prisão domiciliar após ser condenada por corrupção, e alertou Milei que as urnas exigem uma mudança de rumo.

“A mensagem das urnas é que não se pode governar para quem está de fora, para quem tem mais. Milei: é preciso governar para o povo”, disse o governador. “As eleições mostraram que existe outro caminho, e hoje começamos a segui-lo”, concluiu, de olho não só no pleito legislativo de outubro, mas também nas eleições presidenciais de 2027.

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Revés significativo

O resultado de domingo é péssima notícia para Milei, cujo nome não está nas urnas mas a quem muito interessa o resultado eleitoral. Seu partido segue em franca minoria, com apenas 39 deputados e sete senadores. Até aqui, ele, que se autodenomina anarcocapitalista e está próximo da direita mais radical, só vinha conseguindo fazer valer sua “terapia de choque”, como apelida o pacotaço de medidas parcialmente aprovadas, graças a um decreto que lhe concedia autoridade para legislar sobre matérias de teor administrativo, econômico e financeiro. Mas ela expirou há um mês, e não demorou dois dias para a oposição desafiá-lo, expondo sua vulnerabilidade no legislativo. Nesta semana, o Senado aprovou inclusive um projeto de lei, a ser votado Câmara, para reduzir sua capacidade de governar por decretos.

O presidente pintou as eleições em Buenos Aires como uma batalha de vida ou morte contra o kirchnerismo (o peronismo com K de Kirchner), que encontra na província seu reduto. “Vamos colocar o último prego no caixão”, repetiu ele nas últimas semanas. À medida que as pesquisas mostravam queda de apoio ao Liberdade Avança, Milei começou a falar em um “empate técnico”. Às vésperas da eleição, a mensagem da Casa Rosada oscilava para uma “derrota justa”, por menos de cinco pontos percentuais, e a convicção de que, qualquer que fosse a margem, a extrema direita conquistaria assentos no Congresso provincial. A batalha verdadeira, insistiram, será daqui dois meses, em 26 de outubro, quando os argentinos elegerão senadores e deputados federais.

Ou seja, a magnitude da derrota não figurava nem no pior dos cenários projetados pelo governo. Os quase dois meses restantes até as eleições legislativas nacionais agora se apresentam como um desafio enorme para a Casa Rosada, onde a equipe econômica encontra cada vez mais dificuldades para manter o valor do peso em relação ao dólar — um dos principais sustentáculos da popularidade de Milei, que ainda está em alta.

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Para evitar a dolarização, o governo elevou as taxas de juros para 80%, o triplo da inflação prevista para este ano. Em seguida, elevou as reservas bancárias para 50% para reduzir os pesos em circulação. Na semana passada, encerrou as faixas de juros flutuantes que havia acordado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e vendeu dólares do Tesouro. Milei atribuiu a turbulência ao que chamou de “risco Kuka”, ou seja, o medo de dos investidores de uma vitória kirchnerista. Cumprida a profecia, a situação agora é mais hostil do que na sexta-feira.

Crise no governo

A derrota do autodenominado “anarcocapitalista” está mais relacionada aos seus próprios erros do que aos méritos do peronismo, que mal conseguiu se unir devido à disputa interna entre o governador Kicillof e sua mentora política, Cristina Kirchner. O governo foi mergulhado em crise depois da divulgação de gravações de áudio de um ex-alto funcionário denunciando uma rede de corrupção na compra de medicamentos — esquema em que implicou diretamente Karina Milei, irmã do presidente, a pessoa mais poderosa do governo e espécie de guru do chefe de Estado. Ela é considerada insubstituível, e a Casa Rosada ficou sem reação diante da polêmica, para desgosto do eleitorado que elegeu Milei contra, em suas palavras, “as elites políticas corruptas”.

Com o governo enfraquecido, a voz da oposição cresceu no Congresso. Em menos de uma semana, derrubou o veto presidencial a uma lei para aumentar pensões para pessoas com deficiência e deu aprovação preliminar ao projeto que limita o uso de decretos presidenciais. Espera-se agora que a guerra parlamentar se intensifique.

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