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Milhares de pessoas querem tirar Nobel de líder de Mianmar

Aung San Suu Kyi é criticada por seu silêncio diante do conflito que matou mais de 400 pessoas e já dura duas semanas

Por Da redação
7 set 2017, 16h25

Milhares de pessoas em todo mundo assinaram uma petição para que seja retirado o Prêmio Nobel da Paz da líder birmanesa Aung San Suu Kyi, muito criticada por sua gestão da crise da minoria muçulmana rohingya em Mianmar. A petição online “Retirem o Prêmio Nobel da paz de Aung San Suu Kyi” recolheu 364.000 assinaturas até esta quinta-feira.

“Até agora, Aung San Suu Kyi, que dirige de fato Mianmar, não fez nada para deter este crime contra a humanidade em seu país”, afirma o texto da petição, promovida por um indonésio. Segundo a ONU, cerca de 164.000 pessoas, em sua maioria refugiados rohingyas, fugiram da violência do país nas últimas duas semanas para se refugiar na vizinha Bangladesh. Mais de 400 pessoas foram mortas no conflito que já dura quase duas semanas.

A violência explodiu em 25 de agosto, quando os rebeldes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (ARSA, na sigla em inglês), que afirmam defender a minoria muçulmana, atacaram dezenas de delegacias de polícia. O Exército birmanês reagiu com uma grande operação em Rakhine, uma área pobre e remota do país, o que obrigou a fuga de dezenas de milhares de pessoas.

O governo acusa os ativistas, os quais descreve como “terroristas bengaleses”, de incendiarem as casas dos rohingyas e de outras comunidades. As autoridades de Mianmar, contudo, foram fortemente criticadas pelas autoridades internacionais por suas ações violentas. Suu Kyi foi especialmente cobrada por seu silêncio diante da crueldade.

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A líder birmanesa, contudo, denunciou na quarta-feira um “enorme iceberg de desinformação criado para gerar problemas entre as diferentes comunidades e promover os interesses dos terroristas” que, segundo ela, dá uma visão equivocada da crise dos muçulmanos rohingyas ao resto do mundo. Este foi o primeiro comentário oficial da vencedora do Nobel da Paz desde o início da crise

A jovem ganhadora do Nobel da Paz Malala Yousafzai foi uma das principais críticas de Suu Kyi. “Toda vez que vejo as informações, meu coração se parte diante do sofrimento dos muçulmanos rohingyas de Mianmar”, escreveu a jovem paquistanesa em sua conta no Twitter. “Nos últimos anos, tenho condenado o tratamento vergonhoso, ao qual estão submetidos. Ainda espero que minha colega prêmio Nobel Aung San Suu Kyi faça o mesmo”, disse.

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A birmanesa recebeu a honraria por sua luta a favor da democracia em Mianmar. Durante a eleição geral de 1990, o partido liderado por Suu Kyi obteve 81% dos assentos no Parlamento local, o que deveria ter feito dela a primeira-ministra. No entanto, pouco antes das eleições, ela foi detida e colocada em prisão domiciliar pelo governo militar vigente, condição em que viveu por quase 15 anos. Ela foi uma das mais notórias prisioneiras políticas do mundo.

Em resposta ao movimento de protesto contra Aung San Suu Kyi , em Oslo, o comitê Nobel assinalou que seus estatutos tornam impossível a retirada de um prêmio. “Nem o testamento de Alfred Nobel nem os estatutos da Fundação Nobel contemplam a possibilidade de que um Prêmio Nobel seja retirado”, afirmou o secretário do comitê, Olav Njølstad.

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