Milhares vão às ruas no Iraque para protestar contra os Estados Unidos
Convocado pelo clérigo xiita Moqtada Sadr, os manifestantes querem a saída das tropas americanas do país
Milhares de pessoas atenderam a um chamado do clérigo xiita Moqtada Sadr para protestar nesta sexta-feira, 24, contra a presença dos Estados Unidos em solo iraquiano. Entre as reivindicações dos manifestantes estão a anulação do acordo de segurança entre Bagdá e Wahington e o fechamento do espaço aéreo do Iraque para os aviões militares americanos.
Para garantir a segurança da “manifestação pacífica de um milhão de pessoas contra a presença americana”, postos de controle foram colocados ao longo do percurso dos manifestantes. A concentração da marcha ocorreu no bairro de Khadriya, em frente à zona verde, onde se concentram as embaixadas e prédios do governo, com gritos de “Fora ocupante!” e “Sim à soberania!”.
Sadr pediu ao presidente americano, Donald Trump, que não seja “arrogante”. O protesto recebeu apoio de milícias xiitas pró-Irã, como a Hashd Shaabi, que geralmente são opositoras à figura de Sadr.
Esta é a segunda marcha do tipo contra os Estados Unidos desde a morte do general iraniano Qasem Soleimani e de lideranças de milícias xiitas em 3 de janeiro por ataque americano, em Bagdá. A violação de soberania causou repúdio em grande parte da população iraquiana.
País de maioria xiita e com ampla influência iraniana na sociedade, no Exército, em grupos paramilitares e na política, o Iraque aprovou uma lei para expulsar as tropas estrangeiras do país, especialmente as americanas. A aprovação da lei suspendeu as atividades da Coalização Internacional que opera no Iraque contra o Estado Islâmico até a situação legal ter sido resolvida.
Sadr é um opositor de longa data à presença dos Estados Unidos no Iraque. Entre 2003 e 2011, liderou um grupo paramilitar chamado Exército Mehdi que já entrou em confronto com tropas americanas. Atualmente, o clérigo é a principal figura no Parlamento. Sadr se autoproclamou “reformista” e demonstra seu apoio aos protestos que pedem uma reforma política no Iraque.
(Com AFP)