Milícia nigeriana liberta 894 crianças que recrutara como soldados
Menores serão matriculados em programa de reintegração e treinamento para ajudá-los a retornar à vida civil
Crianças obrigadas a lutar como soldados de uma milícia na Nigéria foram libertadas nesta sexta-feira, 10, anunciou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Os 894 menores, incluindo 106 meninas, lutavam nas fileiras da Força-Tarefa Conjunta Civil (CJTF), um grupo local apoiado pelo governo nigeriano voltado para o combate aos terroristas do Boko Haram.
A libertação aconteceu durante uma cerimônia em Maiduguri, uma cidade no nordeste do país. O evento foi marcado como parte do “compromisso da CJTF de acabar e impedir o recrutamento e uso de crianças” como soldados, afirmou a agência da ONU.
Segundo a ONU, as crianças libertadas serão matriculadas em um programa de reintegração e treinamento para ajudá-las a retornar à vida civil.
“As crianças do nordeste da Nigéria sofreram o impacto deste conflito”, disse Mohamed Fall, chefe da Unicef na Nigéria. Segundo Fall, os meninos e meninas eram usados como soldados e também em outras funções. “Eles testemunharam a morte, o assassinato e a violência”, afirmou.
O CJTF foi formado em 2013 para proteger as comunidades do nordeste do país contra os ataques do grupo terrorista Boko Haram. Usava, contudo, centenas de crianças recrutadas a força em suas tropas. Em 2017, a milícia assinou um tratado prometendo parar de recrutar menores e libertar os que mantinha presos.
Com a cerimônia de hoje, o CJTF já libertou 1.727 crianças que explorava como soldados, segundo a Unicef. Não está claro, contudo, quantos menores ainda são mantidos pelo grupo.
Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 2017 informa que havia na Nigéria mais de 15 milhões de crianças entre 5 e 14 anos forçadas a trabalhar, “algumas das quais usadas como soldados em conflitos armados”.
“Continuaremos a lutar até que não existam mais crianças nas fileiras dos grupos armados na Nigéria”, disse Fall em seu comunicado, sublinhando o fato de ainda haver milhares de menores de idade em condições similares.