Militares dos EUA estão desaparecidos na Ucrânia, dizem autoridades
Veteranos podem ser os primeiros americanos capturados por forças separatistas pró-Rússia desde o início da guerra, em 24 de fevereiro
Dois veteranos das Forças Armadas dos Estados Unidos que estavam na Ucrânia auxiliando tropas locais na guerra contra a Rússia estão desaparecidos, relataram na quarta-feira, 15, membros de uma delegação do Congresso do estado do Alabama.
Segundo o Departamento de Estado norte-americano, há suspeitas de que Andy Tai Ngoc Huynh, de 27 anos, e Alexander Drueke, de 39, possam ter sido capturados por forças separatistas pró-Moscou.
De acordo com o deputado estadunidense Robert Aderholt, parentes dos soldados não têm contato com os desaparecidos desde 8 de junho e procuraram o Senado e a Câmara do país em busca de informações sobre o paradeiro deles.
“Como você pode imaginar, seus entes queridos estão muito preocupados com ele”, disse Aderholt em um comunicado. “Meu escritório fez perguntas ao Departamento de Estado dos Estados Unidos e ao FBI tentando obter qualquer informação possível.”
O escritório do congressista informou que Huynh e Drueke se alistaram no Exército ucraniano e estavam juntos na região de Kharkiv, no nordeste do país, quando perderam o contato com suas famílias.
No início da guerra, a Ucrânia criou a Legião Internacional para cidadãos estrangeiros que queriam ajudar na defesa contra a invasão russa. Em entrevista na época, o fuzileiro naval Huynh explicou que estudava robótica no Calhoun Community College, no Alabama, mas não conseguia parar de pensar na invasão da Rússia. “Eu sei que não era problema meu, mas havia aquela sensação de que eu sentia que tinha que fazer alguma coisa”, disse.
O Departamento de Estado dos EUA disse que está analisando relatos de que forças separatistas russas ou apoiadas pela Rússia na Ucrânia capturaram pelo menos dois cidadãos dos EUA. Se a suspeita for confirmada, eles serão os primeiros estadunidenses que lutam pela Ucrânia a serem capturados desde que a guerra começou, em 24 de fevereiro.
“Estamos monitorando de perto a situação e estamos em contato com as autoridades ucranianas”, disse o departamento em comunicado enviado à imprensa.
Na quarta-feira, 15, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que o governo não conseguiu confirmar os relatos sobre os desaparecidos e advertiu contra o deslocamento de militares norte-americanos para a guerra. “A Ucrânia não é o lugar para os americanos viajarem”, disse ele. “Se você se sente apaixonado por apoiar a Ucrânia, há várias maneiras mais seguras e eficazes de fazer isso.”
Na última semana, um tribunal da autoproclamada República Popular de Donetsk, pró-Rússia, condenou três soldados estrangeiros que lutavam pela Ucrânia à morte.
Os cidadãos britânicos Aiden Aslin e Shaun Pinner e o cidadão marroquino Brahim Saadoune foram capturados por forças russas em meados de abril em Mariupol. Eles foram acusados de ser mercenários e de buscar a derrubada violenta do governo separatista na região de Donetsk, no leste da Ucrânia.
Militares russos que condenaram os soldados britânicos e o marroquino à pena de morte alegaram que estrangeiros que lutam pela Ucrânia não são protegidos pela Convenção de Genebra, que garantiria o direito à imunidade no conflito.
Em resposta, o deputado norte-americano Adam Kinzinger afirmou que os americanos que se alistaram no exército ucraniano devem receber as devidas proteções legais. “Esperamos que os membros da Legião Internacional sejam tratados de acordo com a convenção de Genebra”, escreveu o político no Twitter.