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Militares tomam o controle no Zimbábue e Mugabe é detido

Presidente do país foi confinado em prisão domiciliar junto com a família, mas afirma que “está bem”

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 19h19 - Publicado em 15 nov 2017, 10h40

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, conversou por telefone com seu homólogo da África do Sul, Jacob Zuma, e confirmou que é mantido “encarcerado em sua casa”, mas afirmou que “está bem”, segundo informou nesta quarta-feira a emissora de televisão pública sul-africana SABC.

Em comunicado, Zuma anunciou que enviará ao Zimbábue o ministro da Defesa, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, e o titular de Segurança, Bongani Bongo, para se reunir com Mugabe e com os comandantes das forças armadas.

A intervenção militar que começou ontem à tarde no país alimentou os rumores de um possível golpe de Estado, embora um porta-voz do exército tenha negado em mensagem televisionada na noite da terça-feira, na qual garantiu que Mugabe e sua família se encontram “a salvo”.

De acordo com o militar, a atuação é contra o establishment político do país, mas não há intenção de depor Mugabe, no poder desde 1987. “Nós queremos deixar muito claro que essa não é uma tomada militar do governo”, afirmou o general Sibusiso Moyo no estúdio, em roupas de combate. “O que as Forças de Defesa do Zimbábue fazem é pacificar uma situação política, social e econômica degenerada em nosso país.”

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Analistas políticos dizem que, apesar das declarações dos militares, o tempo de Mugabe no poder está perto do fim. “Pelos rumores, é o fim para Mugabe”, afirmou Derek Matyszak, analista sediado na capital Harare do Institute for Securities Studies. “Eu não sei como ele pode recuar disso.”

Aliados presos

No meio do dia (hora local), soldados haviam assumido o controle do aeroporto da capital, dos prédios do Parlamento, da televisão estatal e da residência presidencial. Veículos militares bloquearam interseções estratégicas nos distritos central e comercial, enquanto a emissora estatal de rádio tocava apenas canções patrióticas.

Importantes aliados de Mugabe, entre eles o ministros das Finanças, Ignatius Chombo, foram detidos. Chombo e os outros políticos presos fariam parte do grupo conhecido como G40, uma facção do partido governista que, segundo os analistas, procura expulsar aos veteranos da guerra de independência – como o vice-presidente Emmerson Mnangagwa, destituído na semana passada. Mnangagwa fugiu para a África do Sul e, em comunicado, sustentou: “Em breve controlaremos as molas do poder no nosso belo partido e país”.

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Medidas corretivas

A tensão no Zimbábue começou a aumentar na tarde de ontem, quando vários tanques foram vistos em direção a Harare. O movimento militar teve início apenas um dia depois de o chefe das Forças Armadas, Constantine Chiwenga, dizer que poderia tomar “medidas corretivas” em resposta à perspectiva de uma possível dinastia Mugabe. A destituição do vice Mnangagwa foi vista como um passo para Mugabe, de 93 anos, apontar mulher dele, Grace, de 52 anos, como sua sucessora.

A ZANU-PF respondeu afirmando que as palavras de Chiwenga sugeriam uma “conduta de traição” destinada a “incitar a insurreição e ao desafio violento da ordem constitucional”.

(com EFE e Estadão Conteúdo)

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