O ministro da Agricultura da Ucrânia, Mykola Solskyi, foi preso nesta sexta-feira, 26, após ser considerado suspeito de um esquema de corrupção multimilionário. Ele foi solto depois de pagar fiança de 75,7 milhões de hryvnias (cerca de R$ 9 milhões). Solskyi é acusado de ter comandado um grupo que confiscou ilegalmente terras estatais avaliadas em 291 milhões de hryvnias (R$ 37 milhões) e que tentou adquirir outras propriedades de 190 milhões de hryvnias (R$ 24 milhões) entre 2017 e 2021, período em que atuava como advogado e político pelo Parlamento ucraniano.
Em 2019, Solskyi foi eleito presidente da comissão parlamentar sobre Política Agrária e Fundiária. Em março de 2022, um mês após a invasão russa à Ucrânia, foi nomeado ministro da Política Agrária e Alimentar. Ele apresentou um pedido de renúncia ao cargo nesta quinta-feira, 25, em carta apresentada ao Parlamento e atestou inocência em audiência. Caso culpado, pode enfrentar pena de até 12 anos de prisão.
Solskyi também é dono empresas agrícolas e é considerado um dos funcionários públicos mais ricos do país. As supostas terras apreendidas teriam sido repassadas para veteranos de guerra, responsáveis por alugá-las a algumas empresas privadas. Mas não é a primeira vez desde o início da guerra, há dois anos, que um escândalo de corrupção atinge a Ucrânia.
O presidente Volodymyr Zelensky demitiu em fevereiro do ano passado o ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, pela suposta compra de alimentos inflacionados. Na ocasião, o líder ucraniano apenas afirmou que o país precisava de “novas abordagens e outros formatos de interação com os militares e com a sociedade como um todo”, sem citar os supostos problemas de compras no Exército. Em fevereiro deste ano, Tomas Nakhkur, chefe do departamento de política técnica e desenvolvimento de armas, foi suspenso por acusações de corrupção e aquisição ilegais de armas
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Obstáculo para UE
Em fevereiro de 2022, a Ucrânia apresentou o pedido de adesão à União Europeia. Quatro meses depois, recebeu o estatuto de país candidato, com meta as serem cumpridas antes de ser aceito ao bloco europeu. Ao todo, foram elencados sete requisitos: reformar o Tribunal Constitucional; continuar a reforma judiciária; combater a corrupção; criar uma legislação para os meios de comunicação; e alterar a legislação sobre minorias nacionais. O novo escândalo é, então, uma pedra no sapato para o governo de Zelensky, que desejava um rápido sinal verde.
Parece, no entanto, que o esforço ucraniano rumo à UE avança a curtos passos. Em junho do ano passado, o país atendia apenas a dois dos sete (…), disseram dois funcionários da Comissão Europeia sob condição de anonimato à agência de notícias Reuters. Entre eles estavam a reforma judicial e a lei de mídia. Eles citaram, inclusive, “casos proeminentes de anticorrupção”.