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Modi inaugura polêmico templo hindu construído sobre ruínas de mesquita

Medida acirra discurso nacionalista do premiê indiano contra muçulmanos e desperta temores de ataques à minoria religiosa do país

Por Da Redação
Atualizado em 7 Maio 2024, 16h13 - Publicado em 22 jan 2024, 14h33
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  • O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, inaugurou nesta segunda-feira, 22, o controverso templo hindu Ram Janmabhoomi Mandir, na cidade de Ayodhya. Ao abrir as portas do templo, o premiê nacionalista hindu coloca em prática uma antiga promessa feita aos eleitores e aos membros do seu Partido Bharatiya Janata (BJP) e marca mais uma derrota para os muçulmanos do país. 

    “Hoje nosso Senhor Ram veio. Depois de séculos de espera, nosso Carneiro chegou. Depois de séculos de paciência sem precedentes, incontáveis ​​sacrifícios, renúncias e penitências, nosso Senhor Ram chegou”, disse Modi às mais de 7 mil pessoas que se reuniram para a cerimônia de inauguração. “Ram não é uma disputa, Ram é a solução.”

    Enquanto celebrações tomam conta das ruas do país, a parcela muçulmana da população não vê motivos para comemorar. O território em que o templo foi construído já abrigou a mesquita Babri Masjid, do século XVI, datada do Império Mogol (1526-1857), que chegou a dominar quase todo o subcontinente indiano. Em 1992, radicais religiosos e grupos de direita destruíram o santuário, alegando que havia sido erguido nas ruínas de um antigo templo hindu. Para eles, lá também teria sido o local de nascimento do Senhor Ram, um dos avatares do deus Vishnu.

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    Ferida aberta

    Incentivada pelo BJP, a demolição da antiga mesquita lançou o partido para o centro da política nacional e levou à sua vitória nas eleições gerais em 2014. Cinco anos depois, a Suprema Corte indiana concedeu permissão para a construção do templo hindu, apesar da oposição de grupos muçulmanos. No discurso desta segunda-feira, Modi afirmou que a inauguração representava “um novo ciclo” e parte do “juramento de construir uma Índia nacional, capaz, bem-sucedida, bela e divina”. 

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    Ayodhya tem uma população de 3 milhões de pessoas, com cerca de 500 mil muçulmanos, que rivalizam com a maioria hindu. O evento desta segunda-feira aumentou os receios de que crimes de vingança se espalhem pelo país. Segundo a emissora americana CNN, muitos muçulmanos usaram as redes sociais para oferecer dicas de segurança, recomendando que seus pares evitem usar o transporte público.

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    Estado x religião

    Nos preparativos para a inauguração, o premiê jejuou e rezou por onze dias. Entre os rituais, ele visitou santuários e templos ligados ao Senhor Ram ao redor do país. Há quem diga, no entanto, que o esforço não garante a Modi a credencial religiosa necessária para a missão desta segunda-feira.

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    Em comunicado, a organização não-governamental Hindus for Human Rights afirmou que as críticas ao primeiro-ministro estão centradas no fato de que ele “não é um líder religioso e, portanto, não está qualificado para liderar a cerimônia, e que um templo hindu não pode ser consagrado antes de ser concluído”. 

    Além disso, o grupo acrescentou que a iniciativa seria “a mais recente tentativa de transformar o hinduísmo em uma arma em nome da ideologia nacionalista repressiva do BJP, antes das eleições nacionais em maio”. Modi é grande defensor da agenda conhecida como “Hindutva”, que acredita que a Índia deve tornar-se uma nação hindu. A promessa de construir o templo Ram Janmabhoomi Mandir fazia parte do pacote. 

    Ainda que não tenha financiado a empreitada, o premiê e o BJP promoveram o evento de inauguração para convertê-lo em um grande evento nacional. Foi declarado feriado na região de Uttar Pradesh, onde está Ayodhya, para instigar a participação popular. Organização-mãe do partido, a direitista Rashtriya Swayamsevak Sangh também distribuiu alimentos a cerca de 50 milhões de famílias próximas ao local, aumentando a pressão para que aderissem às coloridas e muito agitadas comemorações. 

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