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Morre Lucía Hiriart, viúva do ex-ditador chileno Augusto Pinochet

Hiriart esteve dentro do círculo mais íntimo da brutal ditadura chilena; vítimas e familiares até hoje exigem reparações por graves violações

Por Da Redação Atualizado em 17 dez 2021, 16h34 - Publicado em 16 dez 2021, 17h24
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  • Lucía Hiriart Rodríguez, viúva do ex-ditador chileno Augusto Pinochet, morreu nesta quinta-feira, 16, aos 99 anos. Figura controversa e de grande protagonismo nos tempos da ditadura, quando ocorreram constantes violações aos direitos humanos, ela havia sido internada em agosto no Hospital Militar de Santiago por uma complicação respiratória, problema de saúde que já lutava contra há tempos.

    Mãe de cinco filhos de seu casamento com Pinochet, ela havia celebrado 99 anos há seis dias. Em 2016, ela já havia sido internada sofrendo de depressão, demência senil e “uma série de transtornos digestivos”.

    Hiriart esteve dentro do círculo mais íntimo da brutal ditadura chilena e chegou a ter poder de opinar sobre a designação ou exoneração de figuras importantes. Vítimas e familiares até hoje exigem reparações por graves danos sofridos.

    Durante os 17 anos da ditadura de Pinochet, foram registrados mais de 3.400 casos de desaparecimento, assassinato, tortura ou sequestro, segundo estimativa de 1991 da Comissão Nacional da Verdade e da Reconciliação.

    Durante esses anos, a primeira-dama possuía uma dezena de assessores e frequentemente convocava entrevistas com a imprensa, nas quais opinava sobre a conjuntura do país, normalmente com frases polêmicas e criticadas pela oposição.

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    Segundo a jornalista Alejandra Matus, autora do livro “Doña Lucía – La biografia no autorizada”, é provável que, sem ela como esposa, Pinochet tivesse permanecido como funcionário leal ao ex-presidente Salvador Allende, derrubado em 1973.

    “O rio da história não pode ser detido. O golpe seguiria, porque já havia uma conspiração em curso. Mas, sem Lucía, Pinochet não teria sido o homem do Exército. Ele Esteve até o final com Allende”, disse em entrevista à revista chilena Caras em 2013. “Sem ela, teria mais incentivos para permanecer leal”.

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    Ela também foi conhecida por suas excentricidades, como importar cristais da Bélgica para as janelas e instalar pisos de mármore italiano em um palácio governamental.

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    Segundo Alicia Lira, presidente do Agrupamento de Familiares de Executados Políticos, a morte da ex-esposa “representa a impunidade, porque ela morreu tranquilamente”.

    “Ela foi o motor e cúmplice de seu marido”, afirmou.

    Após a divulgação da morte, veículos da imprensa chilena relataram buzinaços na capital, Santiago. Também houve uma pequena aglomeração de pessoas na Plaza Baquedano. 

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    Depois do golpe militar e até 1977, Hiriart criou e refundou cerca de 12 instituições, como o Corporação Nacional do Câncer e o Centro de Mães Chile, do qual foi presidente entre 1973 até agosto de 2016, quando renunciou ao cargo.

    Depois da ditadura, ela foi alvo de uma ordem de prisão por apropriação de fundos públicos. Duas semanas depois, a Corte de Apelações de Santiago anulou o processo.

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    Em 2016, a Corte Suprema do Chile ordenou o confisco de mais de US$ 1,6 milhão de bens de propriedade de Pinochet e condenou três militares da reserva por responsabilidade de desvios de fundos públicos. Em 2010 um estudo da Universidade do Chile determinou que Pinochet acumulou uma riqueza superior a US$ 21,32 milhões, dos quais US$ 17,86 milhões não tinham uma justificativa contábil.

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