Reynaldo Bignone, último presidente da ditadura militar da Argentina e condenado à prisão perpétua por crimes contra a humanidade, morreu nesta quarta-feira aos 90 anos, informaram veículos de imprensa locais
Bignone cumpria sentenças prisionais por conspirar para sequestros e assassinatos de adversários durante seu regime de julho de 1982 a dezembro de 1983.
Sua morte fecha um capítulo brutal na história da Argentina, durante o qual grupos de direitos humanos dizem que o regime militar foi responsável pelo “desaparecimento” – um eufemismo para sequestros e assassinatos de adversários – de cerca de 30.000 pessoas.
A Argentina iniciou sua transição à democracia em 1983 com uma eleição em outubro convocada por Bignone. Ele foi uma das 15 ex-autoridades militares culpadas em tribunal argentino em 2016 por conspirar para sequestros e assassinatos de dissidentes da esquerda como parte do programa Operação Condor.
Ditaduras na Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Brasil coordenaram para encontrar e matar adversários exilados nas décadas de 1970 e 1980.
Líderes militares na época disseram que a repressão que comandaram foi necessária para a Argentina confrontar grupos de guerrilha de esquerda. A credibilidade do governo foi enfraquecida, no entanto, durante a Guerra das Malvinas com o Reino Unido, em 1982, na qual mais de 600 soldados argentinos morreram.
Em dezembro de 1983, Bignone entregou poder a Raul Alfonsin, eleito democraticamente.
Especialmente desde o início dos anos 2000, a Argentina realizou uma série de julgamentos por abusos de direitos humanos relacionados à ditadura. No ano passado, 29 pessoas receberam sentenças de prisão perpétua por crimes na Escola Superior de Mecânica da Armada, que foi transformada em uma prisão clandestina e câmara de tortura.