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Mortes por coronavírus podem superar números da guerra em cidade do Iêmen

Pandemia ampliou ainda mais a crise humanitária no país do Oriente Médio, que enfrenta subnotificação e ausência de leitos – além de conflitos armados

Por Da Redação Atualizado em 12 jun 2020, 12h55 - Publicado em 12 jun 2020, 12h18

A situação no Iêmen, país do Oriente Médio que enfrenta uma das maiores crises humanitárias da atualidade devido a uma guerra que já dura cinco anos, vem ficando ainda mais dramática com a propagação do coronavírus na região. O número de óbitos na cidade de Aden, a maior do sul do país, vem subindo a níveis alarmantes. Com o já paupérrimo sistema de saúde local perto do colapso, há suspeitas de que a Covid-19 possa matar mais que os conflitos bélicos na região. 

Reportagem da CNN desta sexta-feira, 12, detalhou a situação dramática em Aden, onde um cemitério se expandiu rapidamente para poder dar conta de tantos funerais – cena semelhante à ocorrida em Manaus, no início do surto no Brasil. As autoridades médicas locais admitem que as taxas de mortalidade na cidade estão aumentando este ano, apesar de uma relativa trégua na guerra.

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Só na primeira quinzena de maio, Aden registrou 950 mortes, quase quatro vezes mais que as 251 registradas em todo o mês de março, de acordo com um relatório do Ministério da Saúde. O número representa quase metade do total de vítimas que a cidade sofreu em todo o ano de 2015, quando a guerra no país eclodiu. Há, no entanto, enormes indícios de subnotificação, já que o número oficial de mortos por Covid-19 no sul do país é de apenas 127.

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Profissionais de saúde ouvidos pela emissora disseram ser impossível precisar quantas mortes foram por coronavírus, devido à baixa capacidade de teste, mas ressaltaram que o crescimento é um aviso de que o pior está por vir, à medida que o setor de saúde fica sobrecarregado. Existem apenas 60 leitos hospitalares dedicados à pandemia em Aden, que tem uma população de aproximadamente 800.000 habitantes. Há apenas 18 ventiladores, todos em uso constante, de acordo com a organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), que gere os hospitais.

Ainda segundo a reportagem, a maioria dos pacientes busca tratamento hospitalar já nos estágios finais da doença, quando é provável que seja tarde demais para salvá-los. Além do Covid-19, o sistema de saúde em Aden também é abalado por surtos de Chikungunya e cólera em todo o país. “O Iêmen enfrentou guerras e não pode lidar com três pandemias, colapso econômico e uma guerra e o coronavírus”, afirmou o doutor. Ishraq Al-Subei, oficial de saúde responsável pela resposta à doença.

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Fora de Aden, a luta entre separatistas do sul e o governo continua. A guerra de cinco anos entre os rebeldes houthis no norte e a coalizão turbulenta apoiada pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos no sul, já matou mais de 112.000 pessoas no país, em ataques aéreos, bombardeios e combates, de acordo com o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED).

Um relatório das Nações Unidas de outubro do ano passado, portanto de antes de o coronavírus surgir, revelou que o Iêmen se tornará o país mais pobre do mundo se o conflito continuar até 2022, com 79% da população abaixo da linha da pobreza e 65% vivendo em extrema pobreza. 

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