O número de mortes causadas pela epidemia de ebola na República Democrática do Congo pode chegar a 1.000 ainda nesta sexta-feira, 3, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os casos de contaminação vêm crescendo no país desde o final de fevereiro. A desconfiança local e a violência das milícias agentes vêm impedindo o acesso de agentes de saúde às áreas afetadas.
Desde o início da epidemia, em agosto de 2017, 1.510 casos foram registrados apenas nas províncias de Kivu Norte e Ituri, no nordeste da RDC. Ambas as áreas são muito atingidas pela violência.
Em comunicado divulgado nesta semana, a OMS alertou que a situação de segurança no país continua instável, e é “um grande impedimento” para o trabalho de prevenção e tratamento da doença.
Desde janeiro, foram registrados 119 ataques contra operações de prevenção da doença, 42 deles diretamente contra hospitais e unidades de saúde. Ao todo, 85 pessoas ficaram feridas ou morreram. Cada vez que as instalações são atacadas, os serviços são reduzidos, agravando ainda mais a epidemia.
Ainda de acordo com a OMS, houve “aumento considerável, embora não inesperado” nos casos de contaminação após um atentado ao hospital da cidade de Butembo no mês passado, no qual o epidemiologista camaronense Richard Valery Mouzoko Kiboung foi morto.
Mais da metade das infecções por ebola até agora afetaram as mulheres, e quase três em cada 10 casos envolvem menores de 18 anos de idade, segundo os dados da OMS.
“Estamos falando de um contexto em que pessoas foram submetidas a contínuos ataques armados, perderam entes queridos, propriedades e estão em perpétua situação de deslocamento”, afirma o gerente do programa humanitário da organização de ajuda humanitária Oxfam na RDC, Tamba Emmanuel Danmbi-saa.
O Congo já foi atingido nove vezes pelo ebola, depois da primeira manifestação do vírus no país africano, em 1976.
O ebola tem sintomas como febre, fortes dores de cabeça e hemorragia em casos extremos. Mata metade dos que são infectados, em média. O último surto na RDC teve uma taxa de letalidade de 60%.
A atual epidemia, que começou em agosto do ano passado, já é a segunda maior e mais letal da história, abaixo apenas da que atingiu a África Ocidental em 2014, quando a doença matou mais de 11.000 pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.