O vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente do país, Dmitry Medvedev, afirmou nesta sexta-feira, 24, durante uma entrevista à mídia estatal, que Moscou está se preparando para uma contra-ofensiva ucraniana, admitindo uma inversão de papéis. Nesta semana, a Ucrânia argumentou que o Kremlin está “perdendo forças”.
“Eles [o lado ucraniano] estão se preparando para uma ofensiva, todo mundo sabe disso. Nosso Estado-Maior está calculando isso e preparando suas próprias soluções”, disse Medvedev.
O ex-presidente russo também alertou que Moscou está pronta para usar “absolutamente qualquer arma” caso a Ucrânia tente reconquistar a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.
A ameaça nuclear velada foi quase ofuscada pelo reconhecimento de Moscou de que suas forças podem, em breve, se encontrar na defensiva na Ucrânia. Sua própria ofensiva, durante o inverno, não foi tão eficaz quanto as anteriores.
O chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, alertou em uma entrevista na quinta-feira 23 que a Ucrânia planeja cercar as forças da sua organização paramilitar em Bakhmut, uma província na região de Donetsk. O objetivo do ataque seria avançar em direção ao Mar Negro, na região Zaporizhzhia, que está parcialmente ocupada pelas forças russas.
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De acordo com ele, a Ucrânia já colocou mais de 80 mil soldados ao redor da cidade. Ao longo de dois meses, o exército russo, auxiliado pelo Grupo Wagner, perdeu milhares de soldados na sangrenta batalha para tomar Bakhmut e os entornos da região.
Autoridades ocidentais avaliaram por diversas vezes que a cidade em Donetsk estava prestes a cair nas mãos da Rússia, mas o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comandou que suas tropas continuassem defendendo Bakhmut, que tornou-se símbolo de resistência.
Impulsionados pelo grande fluxo de armas ocidentais modernas, os comandantes ucranianos começaram a levantar a perspectiva de uma possível reviravolta na cidade, que se encontra em ruínas. Na quinta-feira, o comandante das forças terrestres ucranianas, Oleksandr Syrskyi, comentou em seu canal no Telegram que os russos estão “perdendo gás” em Bakhmut, ficando “sem forças”.
Ao longo de um ano de guerra, a Rússia já perdeu pelo menos 30 mil soldados na cidade do leste da Ucrânia. Segundo as autoridades ocidentais, muitos dos recrutas do exército perdido são ex-presidiários recrutados pelo Grupo Wagner.
“Muito em breve, aproveitaremos esta oportunidade, como fizemos no passado perto de Kiev, Kharkiv, Balakliia e Kupyansk”, disse Syrskyi referindo-se aos ataques ucranianos anteriores bem-sucedidos.
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Apesar do presidente russo, Vladimir Putin, ainda não ter se manifestado sobre as declarações, alguns comentaristas pró-guerra da Rússia criticam a liderança militar pela falta de sucessos tangíveis no campo de batalha. O ultranacionalista russo e ex-oficial de inteligência Igor Strelkov argumentou que é preciso modernizar o exército de Moscou.
“Vladimir Vladimirovich, cale a boca. Apenas cale a boca, fique quieto”, disse Strelkov em um vídeo, dirigindo-se ao presidente. “Então não teremos que ter vergonha de haver tal presidente em nosso país.”