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MPF questiona ‘situação precária’ de venezuelanos em São Paulo

Órgão afirma que refugiados tem direitos básicos desrespeitados e sofrem para se adaptar à cidade

Por AFP
20 jun 2018, 21h19

O Ministério Público Federal (MPF) exigiu, nesta quarta-feira (20), explicações às autoridades de São Paulo sobre a situação “precária” enfrentada por mais de 200 imigrantes venezuelanos na capital paulista.

O MPF afirmou em uma nota oficial que os venezuelanos que chegaram em abril a São Paulo saídos de Roraima, no âmbito de um projeto do governo de realocação, “têm enfrentado desrespeito a direitos básicos” e sofrem “dificuldades de adaptação”.

“Notícias divulgadas pela imprensa indicam que os venezuelanos encontram barreiras para garantir não só condições mínimas de integração social mas também a própria sobrevivência”, assinalou o MPF.

“Os abrigos estariam restringindo os horários de alimentação, o acesso a equipamentos como computador, máquina de lavar e TV e até mesmo o direito dos imigrantes de se reunirem e conversarem”, acrescentou.

A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social de São Paulo negou essas afirmações em comunicado. No total, 212 venezuelanos se encontram em três centros tutelados pela Prefeitura de São Paulo.

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Uma venezuelana que morou no Centro Temporário de Acolhimento (CTA) do Butantã – concebido para abrigar pessoas em situação em rua – questionou o tratamento recebido e as condições. Lá “o consumo de drogas é constante, reclamamos, reclamamos e ninguém fazia nada”.

“É muito difícil conviver com pessoas em situação de rua e com vício porque você não está acostumada a isso, não foi o que nos apresentaram antes de virmos”, disse a mulher, que pediu para não ser identificada.

“Quando chegamos achei que tivessem nos trazido para um sanatório, mas entendi que não é assim. Estou grata porque antes dormia no chão e agora tenho uma cama”, contou outra moradora do mesmo centro, também sob anonimato. Não obstante, acrescentou que apesar de não ser o esperado, “é comida e teto”.

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João Chaves, da Defensoria Pública da União, ressaltou que o mais difícil é “a inserção no mercado de trabalho” porque os centros “estão muito isolados”. “Faltou planejamento”, acrescentou.

Milhares de venezuelanos atravessaram a fronteira com o Brasil nos últimos três anos por conta da crise política, econômica e social vivida no país caribenho.

Segundo números oficiais, mais de 32.000 venezuelanos solicitaram refúgio no Brasil, e outros milhares residência temporária.

Em Boa Vista, capital de Roraima, estima-se que haja entre 20.000 e 30.000 venezuelanos, enquanto em Pacaraima, cidade limítrofe com a Venezuela, se fale em quatro mil, muitos deles dormindo nas ruas.

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