Mulheres e crianças tentam fugir dos bombardeios na Síria
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse que a operação militar contra a região de Ghouta Oriental deve continuar
O drama da guerra civil na Síria tem se intensificado no último mês, com bombardeios aéreos e uso de armas químicas, como gás cloro, contra a população civil de Ghouta Oriental. Os moradores, sobretudo mulheres e crianças, estão fugido para áreas vizinhas da região, próxima da capital Damasco.
Forças leais ao governo sírio aumentaram a pressão nos territórios controlados por grupos islâmicos e jihadistas, como é o caso de Ghouta, em uma tentativa de sufocar a oposição. A batalha no local deixou mais de 600 pessoas mortas desde 18 de fevereiro, muitas delas crianças.
Segundo a ONU, 76% das residências de Ghouta Oriental foram devastadas, e boa parte dos 400 mil moradores do território se mudou para abrigos subterrâneos. Um comboio humanitário não conseguiu entrar na região. Segundo a organização, 40 caminhões com suplementos foram impedidos de entrar na cidade de Douma por funcionários do governo.
A escalada do horror na Síria ocorre mesmo após o anúncio da Rússia – o maior aliado do governo – de trégua diária de cinco horas e da negociação de um cessar-fogo feita pelo Conselho de Segurança da ONU.
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse neste domingo que uma operação militar contra a região continuará e, em paralelo, os civis poderão deixar a região rebelde.
“Não há contradição entre uma trégua e operações de combate. O progresso obtido ontem e anteontem em Ghouta pelo Exército Árabe da Síria foi conquistado durante esta trégua”, disse Assad.
O Centro Sírio para Pesquisa de Políticas (SCPR, na sigla em inglês) calcula que o conflito já tenha causado a morte de mais de 470 mil pessoas desde 2011, ainda que não haja estatística totalmente confiável.
Segundo a ONU, mais de 5 milhões de pessoas fugiram do país, em sua maioria mulheres e crianças, e metade da população foi de alguma forma deslocada pela guerra.
O êxodo de refugiados, um dos maiores da história recente, colocou sob pressão os países vizinhos, como Líbano, Jordânia e Turquia.
A região vive também uma crise humanitária. Há restrição à entrada de ajuda humanitária, e produtos alimentícios básicos, como pão e arroz, estão muito caros e escassos. Quase 12% das crianças sírias estão subnutridas.