Na busca por eleitores de Trump, Biden lança plano econômico nacionalista
Projeto no valor de 700 bilhões de dólares promete investir na compra de produtos americanos e ampliar indústria nacional e geração de empregos
O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, apresentou nesta quinta-feira 9 seu plano econômico de governo no valor de 700 bilhões de dólares (3,7 trilhões de reais). Focado no investimento em produtos e empresas americanas e no desenvolvimento de novas tecnologias, o pacote usa do mesmo nacionalismo econômico de Donald Trump para tentar conquistar votos nas eleições de novembro.
Segundo Biden, o plano é o maior investimento na economia americana desde a II Guera Mundial. Apelidado de “Build Back Better” (Reconstruir Melhor, em tradução livre), o projeto pretende gerar 5 milhões de empregos nos próximos anos, priorizar a indústria nacional e recuperar a infraestrutura do país.
A proposta de Biden busca atrair principalmente os eleitores da classe média, que apoiam Trump com base no bom desempenho econômico dos últimos anos, erodido pela pandemia de coronavírus. A campanha se assemelha, inclusive, ao discurso nacionalista do presidente republicano, traduzido pelo slogan “Make America Great Again” (Tornar os EUA Grandes Novamente).
Cerca de 400 bilhões de dólares do pacote proposto serão investidos em um programa para o incentivo à compra de produtos americanos, uma estratégia também usada pelo ex-presidente Barack Obama. Os outros 300 bilhões devem ser destinados à pesquisa e ao desenvolvimento de novas tecnologias para enfrentar questões como a mudança climática.
“Vou me concentrar nas famílias trabalhadoras, nas famílias de classe média, não na classe dos investidores ricos”, disse Biden após visitar uma fábrica em Dunmore, perto de sua cidade natal, no nordeste da Pensilvânia. “Eles não precisam de mim.”
“O governo federal deveria usar o dinheiro dos contribuintes para comprar produtos americanos e apoiar empregos americanos”, disse o ex-vice-presidente americano durante o discurso. O candidato afirmou ainda que pretende dar mais atenção a comunidades que “historicamente foram deixadas para trás”, como negros, latinos e descendentes de indígenas.
Biden também aproveitou para criticar seu adversário na corrida eleitoral. O democrata atacou as políticas econômicas de Trump e prometeu reverter cortes de impostos concedidos pelo atual governo para os mais ricos e para grandes empresas. Segundo ele, as falhas do atual presidente tiveram “um custo humano e um fardo econômico terríveis”.
O ex-vice-presidente lidera as pesquisas de opinião para as eleições de novembro. Em uma sondagem de 24 de junho, o democrata apareceu com uma liderança de 14 pontos em relação a Trump, enquanto em pesquisas desta semana tem entre 10 e 4 pontos de vantagem.
Consultorias políticas e de análises eleitorais ainda apontam que Biden por ter votos suficientes para ganhar a batalha pelos Colégios Eleitorais. No sistema americano, o presidente é eleito não pelo total de votos, mas sim pela quantidade de “delegados” que representa a população de cada estado.