Na França, partidos de esquerda fecham coalizão para fazer frente a Macron
Partidos Verde, Comunista e Socialista formaram primeiro pacto da esquerda em 20 anos, em busca de maioria no parlamento francês nas eleições de junho
O Partido Socialista da França fechou um acordo nesta sexta-feira, 6, para aderir à primeira coalizão ampla da esquerda francesa em 20 anos, na tentativa de privar o presidente recém-reeleito Emmanuel Macron da maioria nas eleições parlamentares de junho.
O pacto, que os partidos Verde e Comunista já tinham aprovado no início desta semana, colocou a legenda de Jean-Luc Melenchon, França Insubmissa (LFI) – eurocética e de extrema esquerda –, no comando da chamada Nova União Popular.
O político por pouco não chegou ao segundo turno nas eleições presidenciais, ficando em terceito lugar, com 22% dos votos (quem competiu contra Macron foi Marine Le Pen, de extrema-direita).
Macron garantiu um segundo mandato presidencial no mês passado, mas precisará da maioria no parlamento se quiser aprovar as políticas anunciadas durante sua campanha, que incluem o aumento da idade de aposentadoria de 62 anos para 65 anos.
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As projeções iniciais de pesquisas mostram que o partido de Macron – que ganhou nome novo na quinta-feira, 6, e agora chama-se Renascença – deve vencer as eleições de 12 e 19 de junho. No entanto, as pesquisas foram realizadas antes do anúncio da aliança de esquerda fosse atingida e antes da escolha dos candidatos para os 577 distritos eleitorais da França.
O Partido Socialista, por muito tempo a força dominante da esquerda e impulsionador da integração europeia, agora está reduzido a coadjuvante. A candidata presidencial dos socialistas, Anne Hidalgo, obteve apenas cerca de 1,7% dos votos na eleição presidencial.
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Por conta disso, alguns membros estão desertando o partido. O Renascença, de Macron, instou os socialistas que reprovam a coalizão com a extrema esquerda a se juntarem a eles.
Segundo o histórico dos pleitos legislativos na França, o partido do presidente sempre conquista a maioria no parlamento. No entanto, se o resultado for diferente desta vez, Macron seria pressionado a nomear um primeiro-ministro de outro partido, inaugurando um período tenso de “coabitação”, durante o qual os poderes presidenciais são limitados.
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