Na TV, Biden defende retirada do Afeganistão: ‘longa guerra encerrada’
Ainda há, porém, até 200 americanos em solo afegão

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez um pronunciamento na tarde desta terça-feira (31), na Casa Branca, sobre sua decisão de encerrar a ocupação militar do Afeganistão.
O discurso acontece 24 horas após as tropas deixarem o país, encerrando 20 anos de conflito, o mais longo já travada pelos Estados Unidos. “Ontem à noite, em Cabul, os Estados Unidos acabaram com 20 anos de guerra. A mais longa de nossa história”, disse.
Biden procurou defender sua posição, hoje sob fortes críticas devido ao caos instalado em Cabul. Segundo o líder democrata, havia a opção de escalar novamente o conflito, aumentando o contingente de militares no Afeganistão, ou partir. “Não podemos estender essa guerra indefinidamente ou adiar nossa saída para sempre”, prosseguiu.
A retirada gerou caos social em Cabul, já que a metrópole foi rapidamente dominada pelos insurgentes do Talibã. No desespero para escapar do grupo, milhares de cidadãos passaram a se aglomerar no aeroporto da capital, criando uma crise humanitária de repercussão internacional.
O impasse atingiu seu ponto máximo de fervura na quinta-feira (26), quando duas explosões terroristas nos arredores do terminal aéreo mataram 13 militares americanos e 170 afegãos. O ataque suicida foi impetrado pelo Estado Islâmico-K, uma cédula do grupo terrorista nascido no Iraque.
O presidente afirmou que os militares estavam preparados para lidar com os piores cenários, embora ele mesmo tenha admitido que os EUA foram pegos de surpresa pelo rápido colapso do governo afegão. “Essa missão foi projetada para operar sob forte estresse e ataque, e foi isso que aconteceu”, disse.
Biden, em seguida, ressaltou o corredor humanitário feito para retirar ocidentais e afegãos aliados de Cabul. “Nenhuma nação fez algo parecido na história. Apenas os Estados Unidos tinham a capacidade, a vontade e a habilidade para fazer isso”, afirmou.
Ainda que tenha dado a operação como concluída, o governo calcula que há entre 100 e 200 americanos em território afegão, agora controlado pelo grupo extremista Talibã.
Biden afirmou ter decido em abril colocar um ponto final no conflito. “A suposição era de que mais de 300.000 militares afegãos que treinamos nas últimas duas décadas seriam suficientes para conter o Talibã”.