A presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, prometeu nesta quarta-feira, 3, a solidariedade “crucial” dos americanos com Taiwan, em uma reunião histórica com a presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, que prometeu não recuar diante das ameaças militares da China.
O presidente chinês, Xi Jinping, teve uma forte reação contrária à visita da americana, a mais alta funcionária a visitar a ilha em 25 anos. A China prometeu “consequências” e disse que iniciará exercícios de guerra com munição real perto de Taiwan na quinta-feira, 4. Em uma entrevista coletiva, Pelosi questionou as motivações de Xi.
“É realmente importante que a mensagem seja clara: [os Estados Unidos] estão comprometidos com a segurança de Taiwan. Mas é sobre nossos valores compartilhados de democracia e liberdade e como Taiwan tem sido um exemplo para o mundo. Sobre as inseguranças do presidente da China em relação à sua própria situação política, eu não sei.”
Em resposta à visita, a China também fez testes com mísseis e “operações” militares ao redor da ilha, que Taiwan disse violar a lei internacional. Pelosi chegou na noite de terça-feira 2 e fez um discurso ao parlamento de Taiwan na manhã desta quarta-feira.
“Nossa delegação veio a Taiwan para deixar inequivocamente claro que não abandonaremos Taiwan e estamos orgulhosos de nossa amizade duradoura”, disse Pelosi. Segundo ela, há 43 anos seu país fez uma “promessa fundamental de sempre estar ao lado de Taiwan” e agora, mais do que nunca, a solidariedade dos Estados Unidos com Taiwan era “crucial”.
Pelosi, a primeira líder feminina da Câmara americana, elogiou o crescimento de Taiwan como uma liderança democrática, agora sob direção de sua primeira presidente mulher.
Em seus comentários, a presidente Tsai disse que Taiwan “não vai recuar” diante de ameaças militares intensificadas e que “fará o que for preciso para manter a paz e a estabilidade de Taiwan”. Ela disse que a invasão da Ucrânia pela Rússia tornou a segurança no estreito de Taiwan outro foco de atenção do mundo.
Na coletiva de imprensa, Pelosi disse que a China impediu que Taiwan participasse de certas reuniões, mas não poderia impedir que autoridades visitassem a ilha. Ela afirmou que a China estava fazendo “um grande alvoroço” sobre a visita por causa de seu status como líder da Câmara. “Eu não sei se isso é uma razão ou uma desculpa”, declarou.
O Ministério da Defesa de Taiwan disse na quarta-feira que os exercícios de guerra da China ao redor da ilha nesta semana demonstraram a intenção de Pequim de destruir a paz e a estabilidade regionais, acusando Pequim de violar a lei internacional com planos de violar o espaço soberano de Taiwan.
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Taiwan aumentou os níveis de alerta e reagirá oportuna e adequadamente aos exercícios, disse um porta-voz do Ministério da Defesa a repórteres por mensagem de voz.
Tsai reiterou nesta quarta-feira que Taiwan está comprometida em manter o status quo. “Exercícios militares são desnecessários”, disse ela. “Taiwan sempre esteve aberta ao diálogo construtivo.”
Pequim também convocou o embaixador dos Estados Unidos na China na terça-feira para repreendê-lo pela viagem “notória” de Pelosi, informou a mídia estatal. Na frente econômica, a China suspendeu as importações de uma série de produtos de Taiwan, incluindo frutas cítricas e carapau congelado a partir de 3 de agosto, e o Ministério do Comércio suspendeu a exportação de areia do país para Taiwan a partir de 3 de agosto.