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‘Não acho que Putin esteja blefando’, diz Zelensky sobre armas nucleares

Presidente ucraniano anteriormente havia minimizado a fala de Putin , acusando-o de fazer 'chantagem nuclear'

Por Da Redação
26 set 2022, 15h53

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse nesta segunda-feira, 26, que Vladimir Putin não está blefando quando diz que Moscou está pronta para usar armas nucleares para defender a Rússia caso necessário. 

Em discurso à nação na última semana, o líder russo fez uma ameaça velada sobre o uso desse tipo de armamento, dizendo que o Kremlin usaria “todos os meios disponíveis” para proteger o seu povo e sua integridade territorial. 

+ Qual o tamanho do arsenal nuclear que a Rússia de Putin tem nas mãos

“Talvez ontem tenha sido um blefe. Agora, pode ser uma realidade”, disse Zelensky à rede CBS News – ele havia minimizado a declaração anteriormente se referindo a ela como uma “chantagem nuclear”.

O governo ucraniano acusa Moscou de bombardear repetidamente a usina de Zaporizhzhia durante toda a guerra, iniciada em 24 de fevereiro, e, mais recentemente, de realizar um ataque com mísseis próximo a outro complexo nuclear do país. 

Atualmente, nove países possuem armas nucleares: China, França, Índia, Israel, Coreia do Norte, Paquistão, Rússia, Estados Unidos e Reino Unido. Mas, com 5.977 ogivas, os russos lideram o ranking como o país com maior quantidade de armamento nuclear. Na sequência, os Estados Unidos aparecem com 5.428, seguidos pela China, com 350.

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Completam a lista França (290), Reino Unido (250), Paquistão (165), Índia (16), Israel (90) e Coreia do Norte (20).

+ Rússia pode usar armas nucleares para defender territórios, diz Medvedev

Destes nove, China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido estão entre os 191 países que assinaram o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, que prevê a redução do estoque de ogivas gradualmente até sua completa eliminação. 

Já Índia e Paquistão nunca aderiram ao tratado, enquanto a Coreia do Norte optou por sair em 2003. Israel é o único dos países que nunca reconheceu formalmente seu programa nuclear, embora seja amplamente sabido pela comunidade internacional que o país possui armas de destruição em massa.

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Apesar do tratado, um relatório divulgado pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), centro de estudos sobre conflitos e armamentos, disse que que o arsenal nuclear global vai crescer pela primeira desde a Guerra Fria e que o risco de uso dessas armas atingiu o pico em décadas.

Em um conjunto novo de pesquisas, o instituto afirmou que a invasão da Ucrânia pela Rússia e o apoio internacional a Kiev aumentaram as tensões entre os nove países que possuem armas nucleares.

+ Após reveses na guerra, Putin convoca mais 300.000 soldados para exército

“Todos os estados com armas nucleares estão aumentando ou atualizando seus arsenais e a maioria está aprimorando a retórica nuclear e o papel que as armas nucleares desempenham em suas estratégias militares”, disse Wilfred Wan, diretor do Programa de Armas de Destruição em Massa do SIPRI.

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Além disso, em abril, o governo russo testou um novo míssil com capacidade nuclear “sem igual” capaz de carregar várias ogivas nucleares. Em imagens veiculadas por redes de TV russas, Putin foi informado por militares que o míssil havia sido lançado de Plesetsk, no noroeste do país, e atingiu alvos na península de Kamchatka, a quase 6 mil quilômetros de distância.

O argumento para manter um grande número de armas nucleares ficou conhecido como destruição mútua assegurada, ou a capacidade de destruir totalmente o inimigo em caso de uma guerra. Embora os países tenham aumentado consideravelmente seu arsenal nas últimas décadas, nenhuma bomba nuclear é utilizada desde 1945, quando os Estados Unidos bombardearam as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, colocando um fim na Segunda Guerra Mundial. 

+Rússia testa novo míssil com capacidade nuclear ‘sem igual’, anuncia Putin

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Apesar da ameaça velada de Putin, a legislação russa prevê o seu uso em apenas quatro casos: lançamento de mísseis balísticos contra o território russo ou seus aliados; uso de armas nucleares contra a Rússia ou seus aliados; ataque a locais críticos governamentais ou militares que ameace a sua capacidade nuclear; e agressão contra a Federação russa com uso de armas convencionais quando a própria existência do Estado está em perigo. 

Os referendos em territórios ucranianos ocupados por Moscou, que terminam na terça-feira, 27, devem decidir se as regiões se juntarão ao país. Com a possibilidade de anexação, qualquer agressão da Ucrânia para retomar as áreas ocupadas seria considerada uma agressão contra a própria Rússia, o que cria oportunidade para o uso de armas de destruição em massa pela lei russa.

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