Durante um jantar organizado em Roma por ocasião da cúpula do G20, o presidente Jair Bolsonaro conversou com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. No bate-papo informal, o líder brasileiro disse não ser tão mal quanto a mídia, em sua própria análise, o retrata, de acordo com informações da agência de notícias Bloomberg.
Segundo a agência americana, a chanceler alemã se aproximou de Bolsonaro e os dois tiveram “uma conversa excepcionalmente aberta que se transformou em um bate-papo amigável, de acordo com duas autoridades que testemunharam a cena”.
Durante o breve encontro, Merkel sinalizou entender a posição do presidente brasileiro, segundo as fontes ouvidas. Ela então o questionou sobre qual é o maior problema que ele tem enfrentado na gestão do país, ao que Bolsonaro respondeu ser a disparada dos preços do gás.
De acordo com a agência Bloomberg, Merkel, ao contrário de outros líderes do G20, defende manter abertas as linhas de contato com Bolsonaro. Pesaria nessa defesa a forte parceria comercial Brasil-Alemanha.
Bolsonaro viajou à Itália para a realização da cúpula do G20. Com o fim do encontro de líders, o presidente receberá nesta segunda-feira, 1, o título de cidadão honorário do município de Anguillara Veneta, cidade original de sua família na província de Pádua.
Em Roma, chefes de Estado e de governo demonstraram pouco interesse em interagir com Bolsonaro em resposta ao aumento do desmatamento na Amazônia. Segundo a Bloomberg, Merkel foi uma das poucas líderes a abordar o presidente brasileiro durante os eventos do último final de semana.
O presidente realizou duas reuniões bilaterais, uma com o presidente da Itália, anfitrião do evento, e outra com o novo secretário-geral da OCDE, o grupo de países desenvolvidos que o Brasil busca integrar. Bolsonaro também teve encontros rápidos com os primeiro-ministros do Reino Unido, Boris Johnson, e da Índia, Narendra Modi, e com os presidentes da Turquia, Tayyip Erdogan, do Banco Mundial, David Malpass, e da OMS, Tedros Adhanom.
Clima de despedida
No domingo 31, Merkel descreveu os resultados alcançados na cúpula do G20 como um “bom sinal” para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26) em Glasgow, embora tenha admitido que a crise climática é o “maior problema que o mundo enfrenta no momento”, o que requer uma ação ambiciosa.
A chanceler referiu-se nestes termos ao acordo alcançado pelos líderes do G20 em Roma para manter o teto do aquecimento global em 1,5 grau e tomar medidas para enfrentar a crise climática. O objetivo do G20 era chegar a um acordo sobre uma posição comum para enviar um sinal poderoso antes do início da COP26 na cidade escocesa.
No entanto, após complexas negociações durante a noite, apenas um compromisso mínimo foi alcançado. Além disso, não foi possível especificar a data de descarbonização em 2050 entre as vinte potências e países emergentes, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris.
A cúpula do G20 em Roma teve para Merkel um caráter de despedida em escala internacional, pois ela deixará o poder após 16 anos no cargo. A presença do seu provável sucessor, o social-democrata Olaf Scholz, nas sucessivas reuniões bilaterais mantidas pela chanceler com outros líderes, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou a atenção.