Natureza implacável: a destruição deixada pelo furacão Idalia na Flórida
Como indício do pavor, em postura cautelosa, os parques de Disney World foram fechados e as estradas tiveram de ser interrompidas

Durante a II Guerra Mundial, como homenagem às mães, mulheres e namoradas que tinham ficado nos Estados Unidos, soldados do Exército americano começaram a batizar eventos naturais e radicais com nomes femininos, avançando pelas letras do alfabeto — os masculinos surgiram apenas nos anos 1970. Um estudo recente, feito por pesquisadores da Universidade de Illinois, chegou a uma constatação inesperada e incômoda: tempestades, tornados e furacões com denominações femininas costumam matar mais do que os de alcunha masculina, porque não são levados muito a sério. Não por acaso, há empenho extraordinário do governador da Flórida, Ron DeSantis, com o Idalia, que lambeu Cuba na forma de um ciclone tropical e, na quarta-feira 30, alcançou a Costa Leste americana com ventos de até 210 quilômetros por hora. Desde 1880, um furacão tão forte, na categoria 4, dentro do limite de 5, não atingia aquela região rica e densamente habitada, como Tarpon Springs. “Vocês verão muitos escombros e alagamentos”, antecipou DeSantis, ao anunciar a emergência. Como indício do pavor, em postura cautelosa, os parques de Disney World foram fechados. As estradas tiveram de ser interrompidas. Esperava-se, na semana passada, que o Idalia pudesse alcançar também a Geórgia e a Carolina do Norte. O custo dos estragos, a visão fria por trás das possíveis vidas perdidas: 3 bilhões de dólares, na versão mais modesta, ou até 15 bilhões de dólares. A natureza é implacável.
Publicado em VEJA de 1º de setembro de 2023, edição nº 2857