Pelo menos 70 migrantes morreram depois do naufrágio de um bote clandestino na costa da Tunísia nesta sexta-feira, 10. A embarcação saiu da Líbia e atravessava o Mar Mediterrâneo para chegar à Europa, segundo a Afrique Presse, agência estatal tunisiana.
A embarcação foi vista por navios de pesca do país africano quando estava à deriva em águas internacionais, a cerca de 60 quilômetros da cidade de Sfax, capital econômica da Tunísia.
Os pescadores avisaram a Marinha, que ainda conseguiu resgatar dezesseis pessoas, em sua maioria de países da África subsaariana e refugiados dos mais recentes conflitos na Líbia. Os sobreviventes foram levados a um hospital da cidade.
O acidente de hoje foi um dos naufrágios mais letais registrados neste ano envolvendo migrantes tentando chegar à Europa. No final de abril, o primeiro-ministro tunisiano, Youssef Chahed, se mostrou preocupado diante do aumento no número de chegadas de refugiados provenientes da Líbia, país vizinho que vive uma guerra civil desde 2011.
“Nós tememos receber o mesmo contingente de refugiados que em 2011”, declarou o chefe do governo, referindo-se ao aumento dos embates na capital líbia, Trípoli, desde o mês passado. O conflito envolve governo reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e as tropas rebeldes do marechal Khalifa Hafter, o homem forte do país.
Nas quase três semanas de conflito, mais de 550 pessoas morreram, cerca de 2.000 ficaram feridas e mais de 30.000 foram obrigadas a se deslocar internamente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em comunicado, o ministro de Defesa da Tunísia detalhou que o bote naufragado saiu do porto líbio de Zouara na quinta-feira 9 com destino à Itália. A Marinha tunisiana recuperou apenas três corpos até o momento.
A Líbia continua sendo um grande ponto de partida de migrantes de toda a África, que esperam chegar à Europa pagando traficantes de pessoas. Por outro lado, foi registrada uma redução das operações de transporte fruto das políticas lideradas pelo governo italiano para desmantelar as redes de contrabando humano, apoiando a guarda costeira líbia.
Na manhã desta sexta, o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Babar Baloch, afirmou que a ONU já havia alertado para os perigos da falta de botes vigilantes para o resgate de migrantes e refugiados que fogem da “situação horrível” na Líbia. Ele pediu atitudes imediatas dos governos da região.
Dados da Organização Internacional para as Migrações (IOM) informam que 2.297 migrantes morreram ou desapareceram no Mediterrâneo em 2018, de um total de 116.959 que chegaram à Europa pelo mar. Ainda segundo a IOM, no último mês de janeiro, 117 pessoas desapareceram depois de deixar a Líbia em um bote de borracha, a maioria delas ainda não foi encontrada.