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Netanyahu comemora ‘vitória gigantesca’ nas eleições em Israel

Atual primeiro-ministro deve formar novo governo com votos conquistados pelo Likud e legendas ultraortodoxas e de extrema direita

Por AFP 3 mar 2020, 01h05
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  • O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, indiciado por corrupção, comemorou nesta terça-feira, 3 (no horário local, noite de segunda, 2, no Brasil) sua “vitória gigantesca”, “contra todas as previsões”, nas eleições legislativas da véspera, cruciais para sua sobrevivência política.

    Apesar do resultado oficial ainda não ter sido divulgado, as pesquisas de boca de urna atribuem ao Likud, de Netanyahu, entre 36 e 37 cadeiras, contra entre 32 e 34 para o partido de Benny Gantz, o Azul e Branco. Com seus aliados da direita radical e dos partidos judeus ultraortodoxos, o Likud pode somar 59 cadeiras, ficando muito próximo das 61 de maioria parlamentar.

    “Lembro da nossa primeira vitória, em 1996, mas esta noite a vitória é maior ainda, porque foi contra todas as previsões”, declarou o premier, encantado por frustrar os que previram “o fim da era Netanyahu” em Israel. “É a vitória mais importante da minha vida”, acrescentou.

    “Chegou a hora de votar e formar um governo (…). Serei o primeiro-ministro de todos os israelenses, é hora de união”, disse ele, cujo julgamento por suborno, fraude e quebra de confiança começará em duas semanas, em Jerusalém.

    Gantz admitiu que ficou decepcionado com os resultados obtidos por seu partido. “Compartilho os sentimentos de decepção e dor de vocês. Esperávamos um outro resultado”, declarou o líder do centrista Azul e Branco, para seu partidários em Tel-Aviv.

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    “Mas é preciso olhar o copo meio cheio. Criamos algo maravilhoso chamado Azul e Branco e continuaremos porque não desistiremos dos nossos valores”, declarou Gantz, ex-chefe do Estado-Maior do Exército israelense.

    Com a votação, buscava-se o fim da crise política mais importante do Estado hebreu após as votações de abril e setembro de 2019, em que o Likud, de Netanyahu, e o Azul e Branco, de Gantz, ficaram muito igualados.

    Desde as últimas eleições o país registrou uma mudança importante: a acusação contra Netanyahu (70 anos), que se tornou em novembro o primeiro chefe de Governo na história de Israel a ser indiciado, concretamente por suborno, fraude e quebra de confiança.

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    Voto árabe

    Netanyahu tem o apoio dos partidos judaicos ultraortodoxos Shas, que capta boa parte dos votos sefardis (judeus orientais), Judaísmo Unido da Torá, dirigido principalmente aos ortodoxos ashkenazis (do leste da Europa) e da lista Yamina (direita radical), do atual ministro da Defesa Naftali Bennett.

    O “Azul e Branco” tem o apoio dos partidos de esquerda que se uniram em apenas uma lista e poderia, talvez, receber o respaldo pontual da “Lista Unida” dos partidos árabes israelenses, que surpreenderam em setembro com o terceiro lugar, com 13 lugares, uma façanha eleitoral que pretendem superar agora.

    “Dessa vez esperamos conseguir 16 (cadeiras)”, disse Ayman Odeh, à frente da Lista Unida.

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    A “Lista Unida” tenta colher os frutos da frustração entre a minoria árabe israelense (20% da população) com o plano apresentado pelos Estados Unidos para solucionar o conflito israelense-palestino, um projeto aplaudido por Israel e rejeitado pelos palestinos.

    Neste contexto, o partido Israel Beitenu, que não simpatiza com nenhum dos grandes blocos, pode ser o fiel da balança. Seu líder Avigdor Lieberman é um nacionalista laico hostil aos partidos árabes e judeus ortodoxos.

    O plano do presidente Donald Trump prevê a conversão de Jerusalém na capital “indivisível” de Israel e a transferência do controle de uma dezena de vilarejos e localidades árabes israelenses a um futuro Estado palestino.

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    Netanyahu centrou a campanha no plano de Trump, prometendo a rápida anexação do vale do Jordão e de colônias israelenses na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel em 1967, como contempla o projeto americano.

    Gantz, que também apoiou o projeto americano, baseou a campanha nos problemas judiciais do primeiro-ministro, que já governou o país durante 14 anos, os 10 últimos sem interrupção.

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