Netanyahu propõe formação de governo com rival Gantz, que rejeita oferta
Benny Gantz diz que não pode iniciar negociações com ‘blocos e costuras políticas’, em alusão a alianças do premiê com a extrema direita
O primeiro-ministro interino de Israel, Benjamin Netanyahu, propôs nesta quinta-feira, 19, ao seu rival Benny Gantz, a formação de um governo de união nacional após as eleições da última terça-feira. Em discurso na sede do seu partido, Gantz rejeitou a oferta de uma coalizão liderada por Bibi que inclua os partidos da extrema direita aliados do premiê.
“Não há outra opção a não ser formar um amplo governo de unidade”, disse Netanyahu, em um vídeo divulgado no Twitter, em que propôs ao líder da coalizão centrista Azul e Branco “trabalhar juntos”, além de se reunir hoje mesmo e evitar a realização de uma terceira eleição.
Gantz, por sua vez, afirmou que pretende formar e liderar um “governo de unidade amplo e liberal”, em uma aparente resposta negativa à oferta do premiê.
“Para formar um governo de unidade, não se pode começar com blocos e costuras políticas”, disse, em alusão às alianças de Netanyahu com partidos ultraortodoxos e da extrema direita. “Deve-se começar com responsabilidade e seriedade. Eu pretendo agir de acordo”, afirmou.
Gantz deixou para Moshe Yaalon, um de seus colegas de partido, anunciar uma firme negativa à oferta de Netanyahu, citando acusações de corrupção contra o premiê. “Não entraremos em uma coalizão liderada por Netanyahu”, disse.
Netanyahu disse estar “surpreso e desapontado”, e reiterou sua oferta ao rival centrista
A legenda de Gantz conquistou 33 assentos no Knesset, o Parlamento israelense, segundo os resultados das eleições com 97% das urnas apuradas. O Likud, de Netanyahu, ficou com 32 cadeiras.
A terceira força política é a Lista Unida, que agrupa os partidos árabes e obtém agora 13 lugares. Para formar um governo são necessários 61 assentos. Nem Gantz nem Netanyahu tem uma maioria para formar uma coalizão.
Ao todo, o bloco formado pelo Likud e seus aliados ultraortodoxos e de extrema direita têm 55 cadeiras no Knesset. Já um possível bloco de centro-esquerda, formado pelo Azul e Branco, o Partido Trabalhista, a União Democrática e a Lista Unida teria 57 lugares. Uma união entre Gantz e as legendas árabes, contudo, ainda não é garantida.
“Me dirijo ao deputado Gantz. Benny, o povo pede um amplo governo unitário, com responsabilidade. Vamos formar um governo de ampla unidade hoje mesmo”, disse Netanyahu hoje. “Não há razão para irmos para uma terceira eleição”, acrescentou o líder da direita.
Desta forma, Netanyahu reconheceu não ter votos suficientes para formar seu governo, e abriu portas para a reivindicação de Avigdor Lieberman, ex-ministro da Defesa e fundador da legenda Israel Nosso Lar que pede um governo de unidade entre seu partido, Likud e o Azul e Branco.
Lieberman se recusou a participar do governo de Netanyahu após as primeiras eleições em abril depois que o Likud prometeu apoiar um projeto de lei que regulamenta a isenção dos estudantes judeus ultraortodoxos de servirem nas Forças Armadas.
Sem o apoio do Israel Nosso Lar, Bibi não conseguiu os 61 assentos do Knesset necessários para formar uma coalizão com maioria viável. Diante da possibilidade de Gantz ganhar o direito de liderar as negociações para tentar formar um governo, Netanyahu preferiu convocar um novo pleito.
Desde o início, o Azul e Branco reiterou sua vontade de criar um governo unitário com o Likud, mas se recusa a fazê-lo com Netanyahu como primeiro-ministro, por conta dos casos de corrupção que o assombram.
Bibi responde por envolvimento em três casos de corrupção — dois deles envolvendo pagamentos e concessão de favores a meios de comunicação em troca de cobertura favorável na imprensa.
Sua continuidade como primeiro-ministro está diretamente ligada aos processos. Enquanto permanecer no cargo, Netanyahu tem o apoio do Knesset para garantir sua imunidade parlamentar e evitar um indiciamento formal.
No dia 2 de outubro, Bibi participará de sua primeira pré-audiência perante a Justiça, na qual pode ser acusado oficialmente por “corrupção”, “abuso de confiança” e “desfalque”, a depender do resultado das eleições.
(Com EFE)