Encontros entre chefes de governo sempre são cercados de protocolos e etiquetas, adotados em especial para evitar surpresas, gafes e improvisos. Mas nem sempre esses cuidados dão certo. No último dia 2, ao receber o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e sua mulher, Akie, para um jantar em sua residência, o premiê israelense, Benyamin Netanyahu, ousou ao permitir que a sobremesa fosse servida dentro de sapatos.
A sobremesa — chocolates de várias procedências — foi servida ao término da visita de dois dias de Abe a Israel e após horas de conversas sobre temas ácidos, como o programa nuclear iraniano e o aumento do comércio e investimento entre os dois países.
“Nós vemos tremendos crescimentos dos investimentos japoneses em Israel e israelenses no Japão, e as oportunidades tecnológicas. Esta é uma grande parceria, e nós vamos fazê-la melhor”, dissera antes o primeiro-ministro de Israel à imprensa, ao lado de Abe.
Segundo o jornal popular israelense Yediot Aharonot, os representantes do Gaimucho (Ministério de Relações Exteriores do Japão) ficaram chocados com a ousadia do casal Netanyahu.
Para a diplomacia israelense, a invenção culinária tampouco foi divertida. “Nada é mais baixo do que um sapato na cultura japonesa. Os japoneses não só não usam sapatos dentro de casa, como não se encontram sapatos dentro de suas casas”, disse um diplomata surpreendido com tamanha gafe, segundo Yediot Aharonot.
Segundo o jornal americano Washington Post, o jantar foi preparado pelo chefe-celebridade Segev Moshe que, sem dar-se conta da gafe diplomática, publicou na sua conta no Instagram uma foto de sua invenção com a legenda: “Seleções de chocolates do mundo por Serge Moshe”. O mestre-cuca havia demonstrado sua ousadia durante a visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Israel, em maio de 2017. A sobremesa servida tinha o formato das cabeças de Trump e de Netanyahu.
O Ministério de Relações Exteriores de Israel informou não ter sido consultado sobre os pratos servidos no jantar, segundo o Post. “Nós respeitamos e agradecemos o chefe. Ele foi muito criativo”, disse o Ministério, por comunicado. “Nós temos o maior respeito pelo primeiro-ministro japonês”, agregou.