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No G20, Bolsonaro convida Macron para visitar Amazônia

Em encontro com presidente brasileiro, Donald Trump disse que visitará o Brasil, mas não forneceu uma data

Por Da Redação
Atualizado em 28 jun 2019, 13h16 - Publicado em 28 jun 2019, 09h32
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  • O presidente Jair Bolsonaro reuniu-se nesta sexta-feira, 28 com o presidente da França, Emmanuel Macron, e dos Estados Unidos, Donald Trump, às margens da cúpula do G20 no Japão. Com o francês, em um encontro “informal”, o brasileiro reafirmou seu compromisso com o Acordo de Paris para o clima e convidou Macron para visitar a Amazônia.

    A conversa entre os líderes aconteceu quatro horas depois de o governo brasileiro ter anunciado o cancelamento de uma reunião bilateral, que constava do programa da viagem de Bolsonaro a Osaka.

    Segundo a BBC Brasil, membros da delegação de Macron afirmaram que ficaram sabendo do encontro pela imprensa, pois na agenda oficial do presidente francês só havia, desde o início, a previsão de uma breve conversa informal com Bolsonaro.

    E foi o que aconteceu, segundo o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros. “Foi um encontro amistoso, por que não seria?”, declarou o general, sem mencionar as recentes críticas de Macron à política climática do Brasil.

    Os dois presidentes abordaram, entre outros temas, o Acordo de Paris sobre o clima e as negociações para o tratado UE-Mercosul, sobre o qual o porta-voz declarou que está “muito avançado” e que espera um anúncio sobre o acordo “o mais rápido possível”.

    O ambicioso acordo comercial que começou a ser negociado em 1999 está sendo finalizado em Bruxelas e pode tornar-se realidade em breve, apesar das dúvidas de alguns países europeus, em especial da França, que deseja proteger seu setor agrícola.

    Já a Presidência francesa informou que a discussão entre ambos foi “muito direta” e que Macron “insistiu sobre a necessidade de que o Brasil permaneça no acordo de Paris” sobre o clima, apesar de Bolsonaro ter afirmado que não tem a intenção de abandonar o mesmo.

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    O Palácio do Eliseu anunciou ainda que o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, visitará o Brasil em julho.

    A reunião entre Bolsonaro e Macron, prevista inicialmente como bilateral (o que dá um status oficial) foi finalmente “informal” por questões de agenda, afirmou o porta-voz, que minimizou a diferença e destacou que o mais importante é que o encontro aconteceu.

    Macron ameaçou na quinta-feira 27 não assinar o tratado comercial UE-Mercosul se o Brasil abandonar o Acordo de Paris sobre o clima. O país está sob uma tempestade de críticas de ONGs e de alguns governos, incluindo a Alemanha, por sua política de desmatamento.

    A luta contra a mudança climática é um dos principais temas do encontro do G20, que reúne nesta sexta-feira e no sábado, 29, 20 países desenvolvidos e emergentes. O aquecimento global, contudo, é uma questão que alguns países, liderados pelos Estados Unidos, não querem ver mencionada no comunicado final.

    Estados Unidos

    Bolsonaro também participou nesta sexta de uma reunião bilateral com o presidente americano Donald Trump. A repórteres após o encontro, o líder dos Estados Unidos disse que visitará o Brasil, mas não forneceu uma data.

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    “Na reunião com o presidente @realDonaldTrump, retomamos assuntos tratados na visita a Washington e introduzimos a ideia de um acordo de livre comércio para fortalecer ainda mais nossa parceria econômica. Trabalhando juntos, Brasil e EUA podem ter impacto muito positivo no mundo”, disse Bolsonaro em suas redes sociais após o encontro.

    O presidente brasileiro também reiterou apoio à reeleição de Trump na corrida presidencial americana de 2020. Esta é a segunda vez que os dois líderes se reúnem, depois de Bolsonaro visitar a Casa Branca em março.

    No G20, as autoridades voltaram a tratar da crise com a Venezuela e da entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

    O americano mencionou a possibilidade de aumentar sanções ao governo venezuelano de Nicolás Maduro e destacou a importância do apoio brasileiro na questão.

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    Trump também reiterou o apoio para que o Brasil ingresse como novo membro da OCDE. Em contrapartida, o governo brasileiro concordou em abrir mão de vantagens comerciais na Organização Mundial do Comercial (OMC).

    O americano ainda declarou que Bolsonaro é um “homem especial, muito amado pelo povo do Brasil”, enquanto o brasileiro voltou a dizer que os dois países “nunca estiveram tão próximos”.

    Como Trump, Bolsonaro é considerado um cético da mudança climática. O brasileiro também segue o modelo do presidente americano de uso intenso das redes sociais.

    39 quilos de cocaína

    Durante a reunião de cúpula do G20, Bolsonaro disse ter agradecido pessoalmente ao presidente espanhol Pedro Sánchez pela atuação das autoridades do seu país na apreensão de 39 quilos de cocaína em um avião da FAB em Sevilha.

    “Aproveitei para agradecê-lo pelo modo como as autoridades espanholas estão lidando com o caso dos entorpecentes apreendidos em avião da FAB e reafirmei minha defesa por punição severa para o tráfico”, escreveu Bolsonaro no Twitter.

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    O presidente brasileiro e o espanhol se encontraram brevemente durante almoço de trabalho que deu início ao encontro do G20.

    Brics

    A agenda de Bolsonaro nesta sexta ainda incluiu uma reunião informal com os líderes dos quatro países que integram os Brics ao lado do Brasil – Rússia, Índia, China e África do Sul. O brasileiro presidiu o encontro com Vladimir Putin, Narendra Modi, Xi Jinping e Cyril Ramaphosa.

    Bolsonaro disse buscar convergências com os líderes dos outros países. “Nosso governo pretende trabalhar ativamente pelo fortalecimento desse grupo. Menciono como exemplo bem-sucedido da cooperação dos Brics o novo Banco de Desenvolvimento”, declarou.

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    O tom adotado pelo presidente no discurso durante a conferência foi diferente do que o que chegou a ser ensaiado nos bastidores da delegação brasileira. Um dos rascunhos da fala do presidente brasileiro continha crítica ao processo de globalização, defesa do nacionalismo e um pedido aos demais países para que apoiem a transição de governo na Venezuela.

    No evento, contudo, Bolsonaro optou por uma linha mais moderada. No lugar de referências à globalização, defendeu o sistema multilateral e a reforma da OMC, em linha com o comunicado do grupo. As críticas foram direcionadas para o protecionismo no comércio.

    O discurso no evento dos Brics foi o primeiro de Bolsonaro no Japão. A ideia do presidente brasileiro é aproveitar a vitrine internacional da cúpula das 20 maiores economias do globo para modular a imagem que tem no exterior. Desde que assumiu a Presidência, Bolsonaro se queixa de como foi retratado em veículos internacionais.

    A prévia do discurso de Bolsonaro sugeria que o presidente abordasse que um dos desafios do momento é o de “dar face humana ao processo de globalização”. Um dos trechos que constavam no rascunho e foram retirados do discurso final afirmava: “Não queremos, porém, que a globalização destrua nossas identidades nacionais, mas que seja um fator a reforçá-las. Nossos povos têm em comum esse anseio e precisamos trabalhar para atendê-los”.

    A defesa do nacionalismo, tradicionalmente bandeira do chanceler, Ernesto Araújo, e do assessor de assuntos internacionais do Planalto, Filipe Martins, foi substituída pelo apoio enfático ao sistema multilateral de comércio.

    “Em meu governo, o Brasil reafirmou seu apoio ao sistema multilateral de comércio, por ter certeza de que o dinamismo da economia mundial depende dele. Estamos plenamente dispostos a seguir colaborando para a reforma da OMC e para a construção de uma agenda negociadora equilibrada”, afirmou Bolsonaro no evento. Correntes protecionistas e práticas econômicas desleais foram citadas pelo presidente como fonte de tensões comerciais e risco para a estabilidade das regras internacionais de comércio.

    Outros encontros

    O presidente brasileiro ainda teve tempo de se reunir com o presidente do Banco Mundial, David Malpass, e com o secretário-geral da OCDE, José Ángel Gurría Treviño.

    Com o dirigente do Banco Mundial, Bolsonaro disse ter discutido as perspectivas da “já sólida parceria” entre o Brasil e o banco. “Nosso governo tem interesse em seu apoio ao setor produtivo e em maior atuação sua no financiamento de infraestrutura no Brasil”, afirmou o presidente.

    Bolsonaro destacou ter conversado com o secretário-geral da OCDE sobre os próximos passos para uma relação ainda mais forte com a organização. Segundo ele, Gurría Treviño mostrou grande entusiasmo com a agenda de reformas do Brasil.

    (Com Reuters, Estadão Conteúdo e AFP)

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