Nova onda de violência na Nicarágua deixa 11 mortos e 79 feridos
Apesar de protestos e pedidos de impeachment, Daniel Ortega afirma que permanecerá à frente do governo
Pelo menos 11 pessoas morreram e outras 79 ficaram feridas nos ataques ocorridos entre quarta-feira e hoje (31) na Nicarágua, durante as manifestações em favor e contrárias ao governo de Daniel Ortega, informou o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh).
“O resultado deste fato criminoso, ao fechamento deste primeiro comunicado, deixou um total de 79 feridos e 11 mortos”, indicou a organização humanitária em um relatório preliminar.
Durante uma marcha em Manágua, capital da Nicarágua, na quarta-feira (30) um tiroteio deixou pelo menos duas pessoas mortas e 12 feridas nas imediações da Universidade Centroamericana (UCA).
O ataque ocorreu enquanto as mulheres que perderam seus filhos em manifestações contra o presidente Daniel Ortega agradeciam os nicaraguenses acompanharam a caminhada desta quarta por causa do Dia das Mães.
Testemunhas do tiroteio afirmaram que o ataque foi cometido por agentes da polícia vestidos de civil e tropas de choque conhecidas como “mobs”, que aguardavam os manifestantes ao lado da marcha.
O governo da Nicarágua também denunciou um ataque por parte de “grupos de vândalos da direita golpista” a uma caravana sandinista que dirigia-se para Manágua com o objetivo de participar de uma manifestação convocada pelo próprio governo.
Em declarações aos veículos de imprensa oficiais, o prefeito de Estelí, Francisco Valenzuela, afirmou que esta agressão foi cometida “com pedras, morteiros e armas de fogo”, e afirmou que uma pessoa morreu e outras 22 ficaram feridas.
Presidência
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, afirmou na quarta-feira que permanecerá à frente do governo, em um discurso para milhares de partidários em Manágua, apesar dos pedidos de impeachment.
“A Nicarágua é de todos e vamos ficar todos aqui”, disse Ortega durante uma grande concentração no norte da capital. O presidente assinalou que após décadas de conflito “a paz chegou, mas foi um caminho longo” e é preciso defendê-la.
“A Nicarágua não é propriedade privada de ninguém. A Nicarágua é de todos os nicaraguenses, independentemente dos nossos pensamentos políticos, religiosos e ideológicos. Deus deu esta terra a todos os nicaraguenses”, disse Ortega, no poder desde 2007.
A onda de protestos na Nicarágua, deflagrada pelo reforma da Previdência promovida pelo governo, já deixou 92 mortos e mais de 880 feridos desde abril.
(Com EFE e AFP)