Funcionários da indústria cinematográfica denunciaram o enorme impacto ambiental gerado por grandes produções como “Senhor dos Anéis” na Nova Zelândia.
Uma reportagem do jornal britânico The Guardian publicada nesta quarta-feira, 9, revelou que por trás do glamour e dos lucros gerados por grandes sucessos do cinema, estão emissões de gases poluentes e uma gigantesca produção de resíduos que não são adequadamente descartados ou reciclados.
O levantamento feito pelo veículo apontou que a primeira temporada de “O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder”, série produzida pela Amazon Prime Video gerou cerca de 14.387 toneladas de dióxido de carbono. O número é cinco vezes a média de emissões que a British Film Commission, agência britânica de cinema estima que um longa-metragem produziria.
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Um fornecedor envolvido na produção da Amazon relatou ter coletado 11.433 metros cúbicos de resíduos produzidos durante as gravações, o que equivale a cerca de quatro piscinas e meia olímpicas.
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A empresa citou iniciativas como reciclagem de resíduos de papel e baterias, instalação de estação de carregamento de veículos elétricos em cada estúdio, incentivo ao uso de garrafas de água reutilizáveis. Apesar do esforço, a escala de descarte permaneceu enorme e fontes ouvidas pelo Guardian estimam que os números irão aumentar com o trabalho de finalização e pós-produção da série.
O governo da Nova Zelândia também foi alvo de críticas pela falta de regulamentações ambientais sobre as produções que utilizam locações no país.
“Se grandes corporações querem vir a este país e usar a beleza que está aqui, [há o dever] de preservar a beleza”, disse um dos trabalhadores de várias grandes produções. “É de partir o coração. Sinto que os neozelandeses estão sendo completamente aproveitados.”
De acordo com relatos, grandes quantidades de resíduos contaminados foram enviadas para aterros neozelandeses, o que poderia ter sido evitados com um planejamento para minimizar a contaminação e reciclar materiais.
A Nova Zelândia tem alguns dos subsídios cinematográficos mais generosos do mundo, com isenções de impostos que de até 25 centavos para cada dólar gasto em grandes produções nacionais. Em 2021, o ministro do desenvolvimento econômico Stuart Nash disse ao parlamento que o governo esperava desembolsar mais US$ 1 bilhão (cerca de cinco bilhões de reais) nos próximos cinco anos.