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Novo relatório indica que Bin Salman sabia de plano para matar jornalista

Segundo documento da CIA, divulgado pela rede CNN, príncipe herdeiro saudita aprovou execução em 2018 de Jamal Kashoggi

Por Da Redação Atualizado em 4 jun 2024, 13h29 - Publicado em 25 fev 2021, 19h20

O príncipe herdeiro e governante da Arábia Saudita,Mohammed bin Salman, aprovou o assassinato do jornalista Jamal Kashoggi, morto em 2018 no consulado saudita em Istambul, segundo um relatório dos serviços de inteligência dos Estados Unidos vazado à imprensa. Os documentos judiciais e o relatório, que teve sua publicação adiada, foram obtidos pela rede CNN e baseiam-se principalmente nas investigações da Agência Central de Inteligência (CIA).  

“A divulgação pública (do relatório) marcará um novo capítulo nas relações de EUA e Arábia Saudita, e uma clara diferença entre a política do presidente Joe Biden e a do ex-presidente Donald Trump“, informou a emissora NBC”, que disse ter obtido acesso ao relatório em 2018.  A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que o governo de Biden comunicará as conclusões ao rei Salman bin Abdulaziz, e não ao filho, conhecido pela sigla MBS. 

Khashoggi, de 59 anos, trabalhava como colunista do jornal americano The Washington Post quando foi assassinado por agentes sauditas no consulado da Arábia Saudita em Istambul, na Turquia, no dia 2 de outubro de 2018. O corpo do jornalista foi esquartejado e nunca encontrado.

O governo saudita inicialmente negou qualquer responsabilidade no assassinato do jornalista. Posteriormente, afirmou que ele foi morto acidentalmente por agentes que buscavam extraditá-lo.  A versão oficial da Arábia Saudita é que esses agentes, vinculados ao príncipe, agiram por conta própria e que o governante não teve qualquer envolvimento. 

Além do relatório, documentos judiciais apontam que os dois jatos utilizados pelo esquadrão que assassinou o jornalista pertenciam a uma empresa recém adquirida por Salman. A Sky Prime Aviation foi transferida para o fundo soberano do país, com mais de 400 bilhões de dólares, no final de 2017, menos de um ano antes do crime. Esse fundo, conhecido como Fundo de Investimento Público, é controlado pela coroa e presidido por MBS. 

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Os documentos, apresentados como parte de uma ação civil canadense no início deste ano, são classificados como ultrassecretos e assinados por um ministro saudita, que transmitiu as ordens do príncipe herdeiro, que é quem, de fato, governa a Arábia Saudita.  

“De acordo com as instruções de Vossa Alteza, o Príncipe Herdeiro”, escreveu o ministro em texto que foi traduzido pelos canadenses, “aprove imediatamente a conclusão dos procedimentos necessários para isso”. 

A Sky Prime Aviation opera os dois jatos corporativos que fizeram os voos para a Turquia com a maior parte de uma equipe composta por 15 homens, de acordo com dados da aviação pública e um relatório das Nações Unidas sobre o caso. 

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Ainda de acordo com o relatório, depois que o Kashoggi foi morto, os assassinos rapidamente fugiram para seus aviões. Dois jatos, com numeração HZ-SK1 e HZ-SK2 pousaram e decolaram da Turquia com 13 dos 15 homens. No caminho de volta a Riad, o primeiro jato voou pelo Cairo, enquanto o segundo por Dubai. Os dois membros restantes voaram comercialmente de Istambul para Riad. 

Na Arábia Saudita, oito indivíduos foram condenados pelo caso e cinco deles foram sentenciados à pena de morte. Posteriormente, em setembro, essas sentenças foram comutadas por penas de 20 anos de prisão.

O julgamento foi amplamente criticado por grupos de direitos humanos e por uma investigadora independente das Nações Unidas, Agnes Callamard, que enfatizou que nenhum funcionário de alto escalão ou suspeito de ordenar o assassinato foi considerado culpado. Além de questionar a independência do tribunal, ela chamou as sentenças de “paródia de justiça”.

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