O vice-presidente da Associação Nacional do Rifle (NRA), um poderoso grupo que defende o direito ao porte de arma dos americanos, acusou Democratas e a imprensa de estarem se aproveitando da tragédia na Flórida para impor o controle de armas. O comentário ocorreu durante a Conferência de Ação de Política Conservadora (CPAC) em Washington, nos Estados Unidos.
Wayne LaPierre, que está na liderança do maior grupo de lobby pela completa permissão ao porte de arma, chamou de “oportunistas” quem defende o controle neste momento. “Como de costume, os oportunistas não esperaram um segundo para explorar a tragédia para obter ganhos políticos”, afirmou. “Eles odeiam a NRA. Eles odeiam a segunda emenda. Eles odeiam a liberdade individual”.
A Segunda Emenda a que LaPierre se refere é o trecho da Constituição americana que define o porte de arma como direito inviolável ao cidadão americano, tal como o voto e a liberdade de expressão.
O comentário ocorre pouco mais de uma semana após o tiroteio na Marjory Stoneman Douglas High School em Parkland, na Flórida, em que Nikolas Cruz, utilizou um rifle AR-15, matando 17 pessoas.
O massacre renovou o debate americano sobre o acesso a armas de fogo e o controle de checagem sobre quem as compra. Desde esta quarta-feira, estudantes sobreviventes do tiroteio têm realizado marchas na Flórida para conversar com parlamentares e discutir medidas de controle mais rigorosas no estado.
NRA, os patriotas americanos
A NRA se opõe à grande maioria das tentativas de controlar as armas nos Estados Unidos e possui uma relação bastante próxima com o presidente Donald Trump, tendo doado mais de 30 milhões de dólares à sua campanha.
Nesta quinta-feira, o presidente americano defendeu o grupo e os chamou de “grandes patriotas”. “O que muita gente não entende, ou não quer entender, é que Wayne, Chris e as pessoas que trabalham tão duro na NRA são Grandes Pessoas e Grandes Patriotas Americanos” (sic).
Trump possui uma estreita relação com a NRA e prometeu ao grupo que eles teriam “um amigo na Casa Branca“. O presidente evitou mencionar o controle sobre o porte de armas depois dos tiroteios que ocorreram em seu primeiro ano de mandato, mas mudou ligeiramente o discurso após o ocorrido na Flórida.
Na última semana, Trump se mostrou aberto a reforçar a base de dados federais de antecedentes criminais de potenciais compradores de armas e ordenou ao seu Governo proibir os dispositivos que permitem transformar fuzis semiautomáticos em armas automáticas, como ocorreu no tiroteio em Las Vegas.
Também propôs aumentar para 21 anos a idade mínima para se comprar um fuzil ou uma semiautomática — proposta que não agradou a NRA. Trump pareceu sugerir hoje que alguns professores fossem armados às escolas para combater “pessoas malvada” como o autor do tiroteio na Flórida, mas disse no fim do dia que havia sido “mal compreendido”.
(Com EFE)