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Nunca me arrependi de mostrar a cara, diz francesa vítima de estupro em série

Gisèle Pelicot foi drogada e abusada por mais de 70 homens ao longo de dez anos nas mãos do marido, condenado a vinte anos de prisão nesta quinta-feira, 19

Por Redação 19 dez 2024, 09h57

A francesa Gisèle Pelicot, nos últimos meses, se tornou uma das principais figuras do movimento feminista mundo afora, mesmo que a avó de 72 anos nunca tenha se engajado em ativismo ao longo da vida. Isso porque seu agora ex-marido, Dominique Pelicot, foi a julgamento em setembro deste ano após vir à tona que ele passou quase uma década, de 2011 a 2020, a dopando e convidando estranhos para estuprá-la enquanto estava inconsciente. Ao contrário de muitas vítimas de abuso sexual, que preferem esconder a identidade enquanto tramita o caso pelo medo, legítimo, de verem a reputação arruinada, ela desde o início quis que o julgamento fosse público, para trazer a importante discussão sobre a persistência da violência sexual contra mulheres à França e ao resto do globo.

Nesta quinta-feira, 19, Dominique Pelicot foi condenado à pena máxima de 20 anos de prisão por seus crimes. Outros 50 homens – que a imprensa francesa apelidou de “senhor todo mundo” porque representam, em linhas gerais, um microcosmo da sociedade francesa – envolvidos nas violações também foram considerados culpados no julgamento, mas ainda aguardam suas sentenças.

“Sim, sou um estuprador; e todos aqui também são”, resumiu o criminoso.

A vergonha mudou de lado

Após o veredito, Gisèle falou brevemente com repórteres do lado de fora do tribunal em Avignon. Ela afirmou que respeita a decisão da corte e que nunca se arrependeu de mostrar a cara, motivo pelo qual se tornou um símbolo feminista.

“É com profunda emoção que estou aqui. O julgamento foi uma provação muito difícil”, disse ao ler uma declaração preparada.

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Ela afirmou que “assumiu essa batalha” pensando em seus três filhos e netos, “porque eles são o futuro”. “Também estou pensando nas muitas vítimas que não são reconhecidas, cujas histórias muitas vezes permanecem nas sombras. Quero que vocês saibam que compartilhamos a mesma batalha.”

“Quando abri as portas para este julgamento em 2 de setembro, queria que a sociedade pudesse participar deste debate. Nunca me arrependi dessa decisão. Tenho confiança em nossa capacidade de coletivamente agarrar um futuro em que todos, mulheres e homens, possam viver em harmonia, com respeito e compreensão mútuos”, concluiu.

Seu advogado disse que ela abriu mão do sigilo do julgamento, ao qual teria direito, para que “a vergonha mude de lado” – ou seja, para que os culpados pelas brutalidades contra seu corpo inerme sejam os verdadeiros alvos de condenação e repúdio, sendo eles quem devem se envergonhar, não a vítima. Suas palavras viraram um lema de manifestações contra a violência sofrida por mulheres abusadas.

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O caso

Gisèle só descobriu que era vítima de estupros em 2020, quando Dominique foi preso por importunação sexual contra outras mulheres. À época, a polícia apreendeu um computador usado por ele e encontrou fotos da vítima sendo estuprada por vários homens.

Por causa desses arquivos, num total de 200 mil itens, a polícia identificou cinquenta dos 72 homens que aparecem nas imagens extremamente perturbadoras. Eles também serão levados a julgamento por estupro.

Segundo as investigações, a vítima foi estuprada pelo menos 92 vezes por 72 homens diferentes. Os investigados têm idades entre 21 e 68 anos.

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Apesar disso, a acusação formal da Justiça envolveu apenas 50 réus, além de Dominique Pelicot. Os outros 22 abusadores não foram encontrados ou identificados pelos investigadores.

Durante o julgamento, Dominique admitiu que dava para Gisèle doses de tranquilizantes sem que ela soubesse. Para isso, ele misturava os medicamentos na comida e na bebida. Depois, em um site de encontros da França, ele convidava outros homens para estuprá-la.

De acordo com as investigações, o eletricista de 72 anos pedia para que os homens não acordassem a esposa. Ele também orientava os abusadores a evitarem usar perfume ou fumarem, de modo a não deixar cheiros suspeitos. Além disso, os estupradores tiravam a roupa na cozinha, para que as peças não fossem esquecidas no quarto do casal.

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O processo judicial apontou ainda que ele participava dos estupros e filmava os crimes, e não pedia dinheiro em troca.

Alguns dos acusados tentaram alegar inocência ao dizer que não sabiam que a vítima estava drogada e que pensavam estar participando de uma fantasia sexual do casal. Mas Dominique disse que todos sabiam que a mulher estava inconsciente, e peritos médicos que viram as filmagens (que também foram mostradas durante o julgamento) avaliaram que era altamente improvável que os estupradores não soubessem o que estava ocorrendo, porque Gisèle parecia “um cadáver”.

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