Nuvem de gafanhotos avança na Argentina e se aproxima do Rio Grande do Sul
Insetos estão na província de Entre Ríos, a cerca de 100 quilômetros do Brasil, e devem cruzar a fronteira na próxima quarta-feira, alertam autoridades
O Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar (Senasa) da Argentina alertou nesta segunda-feira, 20, que a nuvem de gafanhotos que percorre o país adentrou a província de Entre Ríos, estabelecendo-se a cerca de 100 quilômetros da fronteira com a cidade de Barra do Quaraí, no Rio Grande do Sul.
Os gafanhotos chegaram às províncias de Formosa, Corrientes e Entre Ríos na sexta-feira 17, conforme previsto pelo órgão. Devido às altas temperaturas, a nuvem movimentou-se até depois do pôr do sol, parando três quilômetros a leste da cidade de San José de Feliciano. Com as temperaturas mais altas, a expectativa é de que ela possa chegar ao Rio Grande do Sul até a próxima quarta-feira, 22, segundo Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Rio Grande do Sul.
Produtores rurais locais foram orientados a ficar atentos à chegada dos insetos e comunicar sua presença o mais rápido possível à inspetoria de defesa agropecuária.
#Alerta #Langosta ⚠️🦗
La manga ingresó a la provincia de #EntreRíos, según lo anticipado el viernes. Debido a las altas temperaturas el movimiento de la plaga se realizó hasta después de la caída del sol, se estima que se asentó a unos 3 km al este de San José de Feliciano. pic.twitter.com/ThcSATHhMU— Senasa Argentina (@SenasaAR) July 20, 2020
A nuvem de gafanhotos não “afeta a saúde de pessoas ou animais, pois se alimenta apenas de material vegetal e não é vetor de nenhum tipo de doença”, afirmou o Senasa. Contudo, o enxame pode prejudicar as culturas de trigo, canola e cevada na parte oeste do Rio Grande do Sul, além da vegetação nativa, reporta o jornal argentino Buenos Aires Times.
As autoridades argentinas informaram que estão avaliando o dano às plantações de milho e mandioca do país. Vídeos publicados nas redes sociais do Senasa mostram parte da nuvem e dos estragos deixados pelos insetos em plantações.
#AlertaLangosta
📍 Formosa
⚠️ Nuestros #langosteros detectaron una nueva manga de 🦗 en la Ruta Nacional 86 km 1789 de Guadalcázar, en la provincia de #Formosa. La misma habría ingresado desde Paraguay.#MásComunicados #MejorPreparados pic.twitter.com/fYTN4pMKTb— Senasa Argentina (@SenasaAR) July 20, 2020
#Alerta #Langosta
⚠️ Atención productores de Corrientes y Entre Ríos.
Hoy nuestros equipos #langosteros realizaron un tratamiento fitosanitario para bajar la densidad poblacional de la manga de langostas, ubicada en el Departamento Curuzú Cuatia, provincia de Corrientes. pic.twitter.com/n5XF03vrBA— Senasa Argentina (@SenasaAR) July 17, 2020
No final de junho, o Ministério da Agricultura brasileiro declarou estado de emergência “para que sejam tomadas as medidas cabíveis de monitoramento e orientação aos agricultores da região, em especial no estado do Rio Grande do Sul, para a adoção eventual de medidas de controle da praga, caso a nuvem ingresse em território brasileiro”. A emergência fitossanitária permite o uso de inseticidas proibidos no país.
Os gafanhotos estão no território argentino desde junho, depois de chegarem do Paraguai em maio. Uma segunda nuvem está no país vizinho, a cerca de 300 quilômetros da fronteira, segundo autoridades argentinas.
Também na África Oriental e no Paquistão, enormes enxames de gafanhotos devastaram campos e destruíram colheitas, afetando profundamente as economias locais. A praga sempre esteve presente na América do Sul, mas a secura excessiva e as temperaturas mais altas este ano acentuaram o fenômeno.
Segundo o Senasa, as invasões mais recentes na Argentina ocorreram em 2019 e 2017. Gafanhotos são migratórios, capazes de percorrer até 150 quilômetros em um dia e podendo passar de um estado a outro – ou mesmo de um país para outro – em poucas horas.
“Diante da atual contingência e no contexto da atual emergência fitossanitária, a Senasa está coordenando as tarefas de monitoramento constante, monitoramento dos enxames e definição de momentos oportunos de controle, que são muito complexos devido a vários fatores”, afirmou o órgão em comunicado.
Devido à velocidade dos insetos, o intervalo de tempo para aplicar inseticidas é muito curto e geralmente ocorre em locais de difícil acesso. Além disso, as nuvens de gafanhotos se movem ao longo do dia e param somente à noite, quando a visibilidade é baixa.