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O Boeing ‘roubado’ no centro da crise entre Venezuela e Argentina

Relação piorou após Javier Milei chegar ao poder, mas atingiu níveis sem precedentes após Maduro fechar espaço aéreo para aviões argentinos na terça, 12

Por Da Redação
Atualizado em 8 Maio 2024, 12h26 - Publicado em 13 mar 2024, 10h26

Um Boeing 747 da Emtrasur, subsidiária de carga da empresa aérea estatal venezuelana Conviasa. Este é o motivo de uma briga que dura quase dois anos entre a Venezuela e a Argentina, a quem o regime de Nicolás Maduro acusa de “roubar” o avião quando autoridades argentinas o retiveram, em 2022, ao aterrissar na cidade de Córdoba – a pedido dos Estados Unidos. Pois que, na terça-feira 12, Caracas elevou o tom da rixa ao fechar o espaço aéreo para voos vindos do país sul-americano. Buenos Aires, que tem se afastado ainda mais do governo Maduro desde que Javier Milei assumiu o poder, prometeu retaliação.

O “roubo”

O Boeing venezuelano aterrissou em Córdoba em junho de 2022, carregando peças automotivas do México, e de lá não alçou mais voo. Na época, autoridades do aeroporto da cidade argentina atenderam a um pedido de confisco vindo dos americanos.

Segundo Washington, a aeronave teria sido comprado pela Emtrasur da Mahan Air, uma linha aérea iraniana que é sancionada pelos Estados Unidos, e que faz voos de apoio às Forças Quds, o braço de elite da Guarda Revolucionária do Irã.

A tripulação do avião – 14 venezuelanos e cinco iranianos – também foi detida temporariamente. Depois que as pessoas foram liberadas, a aeronave continuou no mesmo lugar, aguardando deliberação da Justiça argentina sobre o caso.

A “extradição”

Foi apenas em fevereiro deste ano que uma decisão judicial concluiu que o voo do Boeing em 2022 violou uma normativa americana de controle de exportações.

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A determinação também autorizou a entrega do avião a autoridades dos Estados Unidos, o que foi feito pelo governo do presidente Javier Milei. Sem surpresa, isso irritou Nicolás Maduro, já um desafeto do argentino ultraliberal (“socialista empobrecedor”, foi como ele definiu o homólogo venezuelano).

A retaliação

No dia 29 de fevereiro, Maduro denunciou no X, antigo Twitter, que o avião teria sido totalmente desmantelado pelos americanos. “Foi cometido um crime contra um avião da Conviasa Emtrasur que foi sequestrado, tiraram as cores da bandeira, apagaram o nome de Luisa Cáceres de Arismendi e depois o cortaram em pedaços. Esse é o ódio que têm pela Venezuela revolucionária e bolivariana… É ultrajante! É um crime contra um avião que pertencia a todo o povo venezuelano…”, esbravejou nas redes.

https://twitter.com/NicolasMaduro/status/1763339748934877520/photo/1

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Como forma de retaliação, Caracas anunciou o fechamento de seu espaço aéreo para quaisquer aviões argentinos, sejam de carga ou turísticos, comerciais ou privados.

O ministro das Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, defendeu no X que a Venezuela tem soberania sobre seu espaço aéreo e chamou o governo argentino de “neonazista”, “submisso” aos Estados Unidos, além de acusar o país de “pirataria e roubo”.

“A Venezuela exerce plena soberania em seu espaço aéreo e reitera que nenhuma aeronave que provenha ou se dirija à Argentina poderá sobrevoar nosso território, até que nossa empresa seja devidamente compensada pelos danos causados”, declarou Gil.

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“Ações diplomáticas”

O fechamento do espaço aéreo afeta e muito Buenos Aires. A principal companhia aérea do país, a estatal Aerolíneas Argentinas, precisa cruzar o espaço aéreo venezuelano em grande parte das rotas (para os Estados Unidos, principalmente Nova York e Miami, bem como para a turística Punta Cana, banhada pelo Mar do Caribe, na República Dominicana).

O porta-voz de Milei, Manuel Adorni, afirmou na terça-feira que o governo argentino vai responder a Caracas com “ações diplomáticas”. “A Argentina não se permitirá ser extorquida por amigos do terrorismo”, disse ele.

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