O explosivo áudio de Donald Trump que pode condená-lo à prisão
Uma gravação feita em julho de 2021, enquanto o ex-presidente jogava golfe com colegas, pode incriminá-lo no processo dos documentos secretos
Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, responde em liberdade a 37 acusações federais sobre o manuseio inadequado de documentos ultrassecretos, que teria levado da Casa Branca para sua residência pessoal após deixar o cargo, em 2021. Nesta terça-feira, a mídia americana divulgou uma gravação de áudio em que ele parece se autoincriminar pelos atos.
Na gravação, o ex-presidente é ouvido remexendo papéis e dizendo: “Isso é altamente confidencial”.
Trump também diz que “estes são os papéis” e refere-se a um documento sobre o Irã que ele chama de “altamente confidencial”.
“Isso foi feito pelos militares e entregue a mim”, diz ele. “Veja, como presidente, eu poderia ter retirado a classificação de ‘confidencial’. Agora não posso, você sabe, mas isso ainda é um segredo”, completa.
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O áudio, obtido em primeira mão pela emissora americana CNN, mas também divulgado pela CBS News, teria vindo de uma reunião em julho de 2021 no clube de golfe de Trump em Nova Jersey, chamado Bedminster. Além do ex-presidente, estariam presentes várias pessoas que trabalhavam no livro de memórias de seu ex-chefe de gabinete, Mark Meadows.
Essa parece ser a mesma gravação de áudio citada pelos promotores federais em seu indiciamento contra Trump, quando ele se declarou inocente das 37 acusações federais de retenção ilegal de documentos confidenciais e obstrução da Justiça para recuperá-los.
Não está claro na acusação, no entanto, se os documentos mencionados na gravação foram recuperados pelos investigadores.
Os promotores do tribunal federal da Flórida, onde mora o ex-presidente, alegam que ele mostrou documentos confidenciais a pessoas sem autorização de segurança em duas ocasiões.
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Trump negou repetidamente quaisquer irregularidades. Ele disse que todos os documentos que levou consigo da Casa Branca já não eram mais secretos, mas a gravação de áudio publicada parece contradizer isso.
Em entrevista à emissora americana Fox News na semana passada, o ex-presidente negou ter mostrado documentos secretos a pessoas não autorizadas na reunião de Bedminster.
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“Não havia nenhum documento. [Os papéis mencionados] eram uma quantidade enorme de jornais e tudo mais falando sobre o Irã e outras coisas”, disse Trump, acrescentando que estava manuseando “jornais, revistas e artigos”.
A gravação, no entanto, parece sugerir que Trump estava fazendo referência a arquivos específicos.
Ele foi indiciado ao lado de um assessor, Walt Nauta, que deve se declarar inocente em uma audiência nesta terça-feira.
O julgamento do ex-presidente está marcado para 14 de agosto, mas provavelmente será adiado. Um juiz ainda não decidiu sobre uma moção dos promotores que busca adiá-la até 11 de dezembro.