Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

O papel da América Latina na criação do Estado de Israel

Os votos favoráveis dos latino-americanos à proposta de partilha da Palestina favoreceram as relações diplomáticas com os israelenses

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 17h30 - Publicado em 7 dez 2017, 11h40

No dia 29 de novembro de 1947, a Assembleia-Geral da ONU aprovou o Plano da Partilha da Palestina, com 33 votos a favor e apenas treze contrários à proposta. Entre as nações que apoiaram a medida que deu origem ao Estado de Israel, treze eram da América Latina.

Os votos de Brasil, Bolívia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Haiti, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela ajudaram a determinar o destino de árabes e judeus 70 anos atrás. O Plano estipulou a divisão da Palestina em dois Estados, um para cada povo, a fim de encerrar os conflitos na região.

bandeiras_ISRAEL

A medida, contudo, foi seguida de uma escalada na tensão com os palestinos. A questão perdura até os dias atuais, com milhares de mortos e um impasse que parece não chegar ao fim, apesar de inúmeros acordos momentâneos de paz. Ainda assim, a participação da América Latina na votação da proposta foi significativa e favoreceu as relações diplomáticas entre essas nações e Israel nos anos que se seguiram.

Segundo o professor de relações internacionais e professor convidado da Universidade de Tel-Aviv, Samuel Feldberg, as nações latinas seguiram o posicionamento dos Estados Unidos. “A República Dominicana foi o único país a aceitar a imigração judaica na época da ascensão do nazista na Alemanha, isso também deu o tom para esse comportamento latino-americano na votação”, afirma.

A presença do Brasil na aprovação do Plano foi ainda mais marcante. O embaixador brasileiro Oswaldo Aranha foi quem presidiu a sessão da Assembleia-Geral que confirmou a adoção da medida. Homenageado com frequência em Israel, o gaúcho tem até mesmo uma rua com seu nome em Tel-Aviv.

Continua após a publicidade

Após anos de boas relações, a convivência diplomática com os israelenses passou por períodos de retração nas últimas décadas. De forma geral, diversas nações latino-americanas se afastaram do Estado judaico durante a década de 70, principalmente devido à influência da Guerra Fria e da União Soviética.

Desde então, a América Latina abraçou a causa dos palestinos, contrariando Israel. Em 1975, durante a ditadura militar, o Brasil votou a favor da resolução da ONU que equiparava o sionismo ao racismo. A decisão só foi anulada 16 anos depois.

Mais recentemente, em 2014, o Mercosul pediu uma investigação sobre possíveis violações de direitos humanos cometidas pelas forças israelenses na Faixa de Gaza. O Brasil também se manifestou individualmente sobre a questão, criticou a postura violenta de Israel no conflito e convocou seu embaixador em Tel-Aviv para consultas.

O ministério das Relações Exteriores israelense reagiu imediatamente à posição brasileira, que “não contribui para encorajar a calma e a estabilidade na região”. O porta-voz da chancelaria acabou chamando o Brasil de “anão diplomático”, gerando uma crise momentânea na relação bilateral.

Continua após a publicidade

Ainda hoje, os embaixadores brasileiros continuam apoiando a causa palestina em algumas votações na ONU. Na UNESCO, por exemplo, o Brasil fez parte do bloco que criticou as restrições impostas para o acesso de muçulmanos à Jerusalém, um dos motivos que levaram Israel a deixar a entidade em outubro deste ano.

Comércio

Na área de comércio, porém, as relações de Tel-Aviv com a América Latina sempre foram frutíferas. O Acordo de Livre Comércio Mercosul-Israel foi o primeiro desse tipo a ser celebrado pelo bloco com um país de fora do continente.

Em setembro, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu visitou Argentina, Colômbia e México, tornando-se o primeiro chefe de Governo israelense a fazer uma visita diplomática à América Latina. Um de seus principais objetivos era justamente fortalecer os laços econômicos com as três nações.

O Brasil, um dos maiores parceiros comerciais de Israel na região, não foi incluído no roteiro. A incerteza política quanto à permanência de Michel Temer na presidência foi fundamental para a decisão, de acordo com fontes israelenses.

Continua após a publicidade

Na Argentina, a mudança de governo Kirchner e a chegada de Mauricio Macri no poder favoreceu o encontro com Netanyahu. A comunidade judaica argentina é a maior da América Latina e a sétima do mundo –181.000 judeus vivem no país. Com o novo entendimento, espera-se que os laços comerciais se tornem tão fortes como o vínculo cultural e diplomático entre as duas nações.

Relações cortadas

Apesar do clima amigável com a maior parte dos países latinos, Israel também nutre desavenças na região. Cuba cortou relações com os israelenses em 1973, depois de se aliar ao Egito na guerra do Yom Kippur.

A Venezuela, que votou a favor da partilha em 1947, também rompeu os laços diplomáticos com os israelenses. A decisão foi anunciada pelo governo de Hugo Chávez em 14 de janeiro de 2009, como forma de protesto contra a ofensiva na Faixa de Gaza. No mesmo dia, a Bolívia divulgou que traçaria o mesmo caminho, seguindo o alinhamento ideológico prevalente na atualidade –governos populistas de esquerda tendem a apoiar os palestinos, enquanto países pendendo à direita costumam ser mais amigáveis a israelenses.

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.