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‘O presidente virou um criminoso de guerra’, diz ex-segurança de Putin

Gleb Karakulov era responsável por estabelecer comunicações seguras para Putin, de 2019 a 2022, quando fugiu pra a Turquia

Por Da Redação
4 abr 2023, 19h15

Gleb Karakulov, ex-oficial do serviço secreto de segurança presencial da Rússia, acusou na terça-feira, 3, o presidente Vladimir Putin de ser um “criminoso” de guerra. A fala foi feita em entrevista pelo Dossier Center, um grupo investigativo financiado pela oposição russa, e divulgada pela Associated Press, com detalhes sobre o comportamento dentro do Kremlin após a invasão à Ucrânia, em fevereiro do ano passado.

Karakulov era responsável por estabelecer comunicações seguras para o presidente russo e o primeiro-ministro do país, Mikhail Mishustin. Ele integrou a equipe entre 2019 e o final de 2022, quando fugiu para a Turquia pelo que disse ser uma oposição moral ao conflito na Ucrânia e medo de morrer.

“Nosso presidente virou um criminoso de guerra”, disse. “É hora de encerrar essa guerra e acabar com o silêncio”.

Em março, monitores de direitos humanos das Nações Unidas relataram dezenas de assassinatos de prisioneiros de guerra ucranianos desde a invasão. Em documento, também citaram uso de tortura, escudos humanos e outros abusos que podem equivaler a crimes de guerra.

No período em que atuou em uma unidade de campo do Departamento de Comunicações Presidenciais do Serviço de Proteção Federal, Karakulov fez mais de 180 viagens à serviço de Putin que, ao contrário da especulação, não apresenta problemas de saúde e participou de reuniões frequentes fora do Grande Palácio do Kremlin.

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As suspeitas de corrupção também aumentaram o seu descontentamento com o governo russo. Segundo o ex-oficial, o seu trabalho o levou a visitar resorts de luxo em diferentes países, nos quais a delegação que acompanhava o presidente gastava, apenas com as diárias, valores superiores ao salário que ele recebia como oficial.

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Além disso, o oficial informou que o presidente russo não é adepto às tecnologias e, por isso, não utiliza a internet. “Todas as informações que ele recebe são apenas de pessoas próximas a ele. Ou seja, ele vive numa espécie de vácuo de informação”, relatou. A antipatia tecnológica teria sido agravada com o início da guerra, em uma crescente paranoia de Putin sobre a segurança.

O ex-oficial alega que, antes mesmo da invasão, o líder russo passou a evitar aviões e viajar em um trem blindado especial, que se parece com outro qualquer para impedir o seu reconhecimento. O Kremlin teria, ainda, demandado um bunker na embaixada russa no Cazaquistão, que também foi equipada com uma linha segura de comunicações. “Eu entendo que ele está simplesmente com medo”, disse.

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Em outubro do ano passado, durante uma série de reuniões oficiais em Astana, capital do Cazaquistão, Karakulov viu uma janela de oportunidade para fugir. Sua esposa e filha chegaram ao país dois dias depois da delegação e ficaram hospedadas em um local separado.

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Com futuro incerto, Karakulov é um dos poucos cidadãos com patente a vir a público para denunciar as ações de Moscou. Em setembro, Mikhail Zhilin, engenheiro de um centro regional do FSO na Sibéria, fugiu por uma floresta do Cazaquistão para evitar o recrutamento russo. As autoridades locais recusaram, contudo, o pedido de asilo de Zhilin e o enviaram de volta à Rússia, onde foi condenado a 6 anos e meio em uma colônia penal.

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