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O que aconteceu com o isolacionismo de Trump?

A distância entre as promessas feitas pelo presidente e sua postura até agora é enorme

Por Julia Braun
Atualizado em 24 Maio 2017, 11h38 - Publicado em 28 abr 2017, 16h44
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  • Esperava-se que o governo de Donald Trump fosse completamente diferente dos anteriores, imprevisível, pelo menos no quesito política externa. O republicano reclamava dos esforços além mar de seus antecessores e prometia uma política isolacionista. Passou. Ao menos nas últimas semanas, a administração adotou posturas bastante tradicionais.

    “Trump mudou de opinião sobre pontos, mas o perigo da incerteza permanece. Ninguém sabe ao certo para onde ele vai. A questão da Coreia do Norte, por exemplo, parece simples para ele, mas não é. Ele é ambíguo e isso abre caminho para possíveis falhas de comunicação que terminam em guerras”, diz o cientista político americano Paul Musgrave, da Universidade Massachusetts-Amherst.

    Destacam-se a distância entre as promessas feitas por Trump e sua postura em relação a política monetária da China e a relevância da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) .

    O próprio presidente admitiu: “Eu me queixei sobre isso faz tempo. Disse que era obsoleta. Já não é obsoleta”, disse sobre a Otan após um encontro com o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, no início de abril. Sobre Pequim, também voltou atrás: “Não são manipuladores da moeda”, afirmou ao jornal Wall Street Journal.

    Durante a campanha, também questionou constantemente os gastos com a guerra na Síria e a necessidade de tirar Bashar Assad do poder quando, na verdade, em sua opinião o único problema do país é o grupo terrorista Estado Islâmico. Pouco mais de dois meses no poder foram suficientes para redefinir suas prioridades: Trump autorizou o lançamento de 59 mísseis Tomahawk contra uma base aérea em Homs após um ataque químico do regime sírio.

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    Para muitos especialistas, as ações militares dos últimos meses (lançamento de mísseis na Síria e bombardeio no Afeganistão) são formas de transmitir uma mensagem de força para o mundo. O modo com que a administração está lidando com as ameaças da Coreia do Norte também mostra vigor, o que pode ser positivo e, ao mesmo tempo, perigoso.

    O que deu errado?

    As relações mais delicadas dos Estados Unidos estão na Ásia.  Qualquer passo em falso pode significar o fim da influência americana e o aumento da esfera de poder dos chineses.

    A forma como Trump lidou com o continente asiático tenha sido seu maior desvio da política tradicional republicana até agora. São necessárias pessoas inteligentes, sofisticadas e, acima de tudo, disciplinadas para conduzir as negociações na região. O presidente, porém, escolheu como uma de suas primeiras ações retirar os Estados Unidos do Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP, na sigla em inglês) e modificar totalmente os elos construídos pela última administração.

    O apoio aos governos autoritários da Turquia, Egito e Arábia Saudita também foi considerado uma grande falha da equipe montada pelo republicano. Nenhum destes países refletem genuinamente os valores defendidos pela política americana e todos seus governos caminham para direções perigosas.

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    A nomeação do general Michael Flynn como Conselheiro de Segurança Nacional durou apenas 20 dias e manchou o início da nova administração. Posições importantes nos Departamentos de Defesa e de Estado também ainda não foram ocupadas. Ainda assim, muito se fala sobre os principais nomes no comando da política externa americana e sua influência positiva na mudança de postura de Trump.

    Aprendizado

    Os trabalhos do Secretário de Defesa James Mattis, do Secretário de Estado Rex Tillerson e do substituto de Flynn, general H.R. McMaster, têm sido elogiados até agora. Ao que parece, a experiência da equipe tem influenciado positivamente as ações do presidente, que nas últimas semanas está ouvindo com mais frequência seus conselhos sobre política internacional e segurança.

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