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O que aconteceu entre James Comey e Donald Trump

Os conflitos entre Trump e o ex-diretor da agência de segurança dos Estados Unidos começaram antes mesmo do novo presidente tomar posse

Por Julia Braun
Atualizado em 10 Maio 2017, 19h50 - Publicado em 10 Maio 2017, 19h49

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump demitiu o diretor do FBI, James Comey, nesta terça-feira. O anúncio foi feito em meio ao processo de investigação realizado pela agência de segurança sobre as possíveis relações do presidente e seus assessores de campanha com autoridades russas antes das eleições.

“Ele não estava fazendo um bom trabalho, simplesmente”, disse Trump a repórteres no Salão Oval para justificar a demissão. Já o secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, afirmou que a Procuradoria Geral americana recomendou a substituição de Comey.

Os conflitos entre Trump e o ex-diretor da agência de segurança dos Estados Unidos começaram antes mesmo do novo presidente tomar posse, com as investigações sobre o uso de uma contra privada de e-mail por Hillary Clinton quando ela ainda era secretária de Estado. A partir daí, os dois passaram a trocar acusações e farpas constantemente.

Relembre alguns dos momentos mais marcantes da relação entre Donald Trump e James Comey, desde a nomeação do republicano como candidato oficial à presidência americana.

Julho de 2016

Em 5 de julho de 2016, o ex-diretor do FBI anunciou oficialmente que não abriria um processo criminal contra a ex-candidata à presidência Hillary Clinton pelo uso de seu e-mail pessoal enquanto era secretária de Estado dos Estados Unidos. “Embora existam provas de potenciais violações dos estatutos sobre o tratamento de informações confidenciais, julgamos que nenhum promotor razoável iria trazer esse caso à tona”, disse Comey.

Trump criticou imediatamente a decisão. “O diretor do FBI disse que a Hillary Trapaceira comprometeu nossa segurança nacional. Nenhuma acusação. Wow!”, ironizou o republicano em uma postagem em sua página no Twitter.

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Agosto de 2016

Trump pediu que um promotor independente fosse nomeado para o caso da ex-secretária de Estado, alegando que o tratamento recebido por Hillary Clinton do FBI e do governo americano até o momento não havia sido neutro. “O Departamento de Justiça é obrigado a nomear um procurador especial independente, porque está se provou ser um braço político da Casa Branca”, disse Trump durante um evento de campanha em Akron, Ohio.

Outubro de 2016

Comey enviou uma carta para o Congresso americano poucos dias antes das eleições presidenciais informando aos deputados e senadores que o FBI havia tomado conhecimento sobre e-mails trocados por Hillary que poderiam ser pertinentes para a investigação sobre a secretária de Estado.

Ao contrário de suas reações anteriores, Trump respondeu ao anúncio de forma positiva. “Eu tenho de dar crédito ao FBI”, disse em um comício em Grand Rapids, no Michigan. “Exigiu coragem do diretor Comey tomar a ação que ele tomou (…) eu não era seu fã, mas vou dizer: o que ele fez trouxe sua reputação de volta. ”

O então candidato republicano também publicou uma provocação a Hillary Clinton em seu Twitter, dizendo que ela e os democratas haviam mudado sua posição sobre Comey assim que ele divulgou a carta.

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Novembro de 2016

Em mais uma carta ao Congresso, James Comey atualizou os legisladores sobre o progresso das investigações e confirmou que não havia provas suficientes para um processo contra Hillary. “Baseando-nos em nossas revisões, não mudamos nossas conclusões de julho sobre a secretária Clinton”, disse.

Donald Trump reagiu imediatamente. “É impossível revisar 650.000 novos e-mails em oito dias”, criticou em outro comício. “Hillary Clinton é culpada. Ela sabe disso. O FBI sabe disso. As pessoas sabem disso”, disse.

Janeiro de 2017

Após a posse de Trump, Comey e outros diretores e especialistas em segurança nacional falaram diante da Comissão de Inteligência do Senado sobre suas preocupações de que o governo russo teria interferido nas eleições americanas. O diretor do FBI se recusou a confirmar que a agência estivesse investigando o presidente americano e sua equipe de campanha.

Em uma recepção na Casa Branca, Trump brincou com Comey sobre suas últimas declarações controversas. “Ele está mais famoso que eu”, disse.

Fevereiro de 2017

Em fevereiro, a relação entre Comey e o presidente Donald Trump começou a piorar. Após a publicação pela imprensa americana de uma série de informações confidenciais e acusações sobre o envolvimento de membros da equipe eleitoral de Trump com a inteligência russa, o presidente acusou o FBI e outras agências americanas de incompetência.

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Segundo a agência Reuters, a Casa Branca teria pedido que o FBI negasse as acusações, mas Comey se recusou a dar tais declarações.

Março de 2017

Trump elevou a rivalidade com Comey em março, quando afirmou, em uma série de tuítes, que o ex-presidente Barack Obama havia instruído oficiais da inteligência americana a grampearem e monitorarem todos os meios de comunicação da sede oficial da sua campanha eleitoral.

No dia seguinte, a imprensa americana noticiou que James Comey havia pedido que o Departamento de Justiça negasse publicamente as acusações sobre a instalações dos grampos. Mais tarde, o próprio diretor negou que as queixas do presidente fossem verdadeiras.

Também em março, Comey confirmou oficialmente a investigação do FBI sobre possíveis conexões entre a campanha eleitoral de Trump e o governo russo.

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Abril de 2017

Em uma entrevista para a Fox Business, Donald Trump deu algumas indiretas sobre a possível demissão de Comey. O presidente disse que tinha “confiança” no diretor do FBI, mas reconheceu que ainda “não era tarde demais” para demiti-lo. “Veremos o que acontece”, disse. “Vai ser interessante. ”

Maio de 2017

Em uma palestra, Hillary Clinton afirmou que a decisão de Comey de investigar seus e-mails poucos dias antes das eleições foi uma das principais causas de sua derrota. A declaração gerou uma resposta de Trump, que em seu Twitter afirmou que o diretor do FBI “deu passe livre para muitas más ações” da democrata.

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