O que esperar do ‘Dia da Libertação’ de Trump
Em meio a guerra comercial, presidente americano prometeu anunciar uma série de novas tarifas na quarta-feira

Em meio uma guerra comercial, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu transformar esta quarta-feira, 2, no que chamou de “Dia da Libertação”, quando uma série de tarifas anunciadas pelo governo devem entrar em vigor.
Os planos do republicano ainda são incertos, mas ele defendeu repetidamente a aplicação de tarifas “recíprocas”, ou seja, que equiparem as taxas cobradas por outros países sobre produtos americanos.
Segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, Trump revelará seu plano tarifário na quarta-feira, em sua primeira entrevista coletiva no Roseiral da Casa Branca de seu segundo mandato.
“Quarta-feira será o Dia da Libertação na América, como o presidente Trump o apelidou com tanto orgulho”, disse Leavitt.
O que se sabe até o momento
Ainda não está claro como as novas tarifas serão estruturadas. As medidas podem ser aplicadas de forma específica, produto por produto, ou abranger setores inteiros com alíquotas médias, como ocorreu no mês passado com a indústria de aço e alumínio.
O conselheiro comercial da Casa Branca, Peter Navarro, disse à emissora Fox News no último domingo que as tarifas podem arrecadar US$ 600 bilhões anuais para o governo americano, o que implicaria uma taxa média de 20%. No entanto, essa matemática é questionada por muitos especialistas, que argumentam que uma alta nos impostos elevará os preços de produtos para os americanos, o que pode impactar a economia do país.
Na semana passada, a agência de notícias Bloomberg e a publicação americana The Wall Street Journal relataram que tarifas recíprocas só seriam aplicadas a apenas alguns países. Entre os que podem ser afetados estão o Brasil, a Coreia do Sul, a Índia e membros da União Europeia.
Trump disse na semana passada que as tarifas que ele planeja anunciar na quarta-feira seriam “muito mais generosas” do que as que outros países cobram dos Estados Unidos. Segundo ele, a medida tem objetivo de corrigir relações comerciais “injustas” e favorecer a indústria nacional americana.
Além disso, tarifaços adiados anteriormente podem entrar em vigor em breve. A isenção temporária para alguns produtos importados do México e do Canadá, dentro do acordo de livre-comércio USMCA, por exemplo, deve expirar no início de abril.
Tarifas iminentes
Entre as medidas já confirmadas para esta semana está a imposição de uma taxa de 25% sobre importações de países que compram petróleo ou gás da Venezuela.
Fora isso, Trump determinou que, a partir da quinta-feira, 3, todos os veículos importados e algumas peças automotivas serão taxados em 25%. A Casa Branca espera arrecadar US$ 100 bilhões em receitas anualmente com essas novas taxas.
Impacto das tarifas
Desde o início de seu mandato, Trump vem aplicando tarifas sobre produtos estrangeiros. As importações da China, por exemplo, já são sujeitas a um imposto de 20%, após um aumento em março. Em resposta, Pequim impôs taxas de até 15% sobre produtos agrícolas e energéticos americanos.
O setor de aço e alumínio também foi alvo de novos encargos – 25% sobre ambos os metais desde o início de março. Isso levou países como o Canadá a reagirem com contramedidas avaliadas em bilhões de dólares. O México, por outro lado, ainda não oficializou retaliações, possivelmente na tentativa de evitar um agravamento da disputa comercial.
Mais protecionismo a caminho?
Trump já sinalizou que pretende ampliar ainda mais suas políticas econômicas, mencionando impostos sobre importados como cobre, madeira, medicamentos e chips de computador.
Vários países já prometeram responder às medidas. A União Europeia, por exemplo, anunciou que pretende taxar US$ 28 bilhões em produtos americanos, incluindo aço, carne bovina, uísque e motocicletas.
A expectativa é que novos anúncios sejam feitos nos próximos dias, dependendo da confirmação do presidente dos Estados Unidos sobre as tarifas recíprocas.
Com o comércio global cada vez mais tenso, o “Dia da Libertação” deve marcar o início de um novo capítulo na guerra comercial.